Por Atanásio Mykonios
"Toda
unanimidade é burra", disse Nelson Rodrigues. Por que se cobra tanto
que a esquerda tem de ser "unida"? Tem-se o pensamento de que a direita é
unida e por isso, todas as alas à esquerda têm de se unir também. A
direita não é unida, são os capitalistas que conseguem, minimamente,
unir-se em torno do Estado para controlá-lo, com sua força política. A
esquerda tem de ser plural. O que tem de ser uma força política
consistente é a organização dos trabalhadores, pois somos nós, os
trabalhadores que sofremos na pele, o poder econômico e político sobre
nós, na forma da luta para impor a lógica da exploração da nossa
capacidade de trabalho. A esquerda existe e não necessariamente pode
representar os trabalhadores. Essa confusão persiste, em grande medida,
porque em nossa condição de trabalhadores, somos obrigados a viver sob a
égide da subjetividade, devido à total dependência diante do capital.
Se temos apenas a nossa capacidade de trabalho para trocar pela
subsistência, somos lançados, por consequência, na subjetividade quase
absoluta. O problema da esquerda e suas alas é ser capturada pela
subjetividade e nisso, nós trabalhadores, vivemos a confusão ideológica,
que é típica do fetiche social da mercadoria. Demora para compreender
esse processo. A direita sofre do mesmo mal, sua suposta unidade é
apenas a soma dos fatores do bloqueio do real significado da exploração e
do papel do Estado. A maioria dos membros da direita vive no reino da
subjetividade, tanto quanto os trabalhadores em geral.
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