Por Atanásio Mykonios
Obviamente devemos fazer
chacota das sandices que Bolsonaro diz. Mas há uma convicção por trás de cada
pronunciamento. Dessa vez é a lógica malthusiana. Isto é, o problema da
alimentação se deve ao aumento da população e, leia-se, o aumento dos pobres. Marx
combateu a ideia de Malthus de que o problema social estaria no crescimento da população
e que tal aumento traria problemas para a solução de alimentos e outras questões.
Logo, a lógica para enfrentar a
escassez seria a contenção do crescimento dos pobres, a regulação da
alimentação a poucas doses diárias e a consequência natural é que defecaremos
menos. Até hoje há pessoas que ingenuamente acreditam que a guerra é uma das soluções
para barrar o crescimento dos pobres. Extermínios, genocídios, confinamentos
etc. Todas essas supostas soluções têm defensores em todas as esferas sociais.
Daí a conclusão um tanto
darwiniana de que os pobres são responsáveis pela poluição, pelas condições precárias,
pela fome, pelos impasses ambientais, isto é, quanto mais pobres, mais consumo,
mais demandas estruturais e isto é um entrave para o bom desempenho da economia
e, sobretudo, do ponto de vista da limpeza social, as soluções finais seriam um
caminho natural e viável para a sobrevivência social.
Portanto, poluiremos menos o
ambiente. Assim, essa é também a lógica de milhões de ignorantes e incautos
pelo mundo afora. Barrar o crescimento dos pobres. No meu entendimento, isso
não é uma piada, é uma crença enraizada que agora ganha status oficial, e
política pública estatal.