segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Migração?

Por Atanásio Mykonios



As palavras são portadoras de significados. Não há neutralidade nelas. Elas expressam a construção de um processo de poder e de luta pelo poder. Em tempos de manipulação de opiniões públicas, elas são minuciosamente conduzidas para refletirem a vontade de grupos de poder.

Os meios de comunicação são especialistas em distorcer a realidade em favor de interesses políticos e econômicos.

O que a Europa está vivendo não é uma crise de migração (ou imigração), mas é uma crise de REFUGIADOS. Milhões estão fugindo à guerra para não serem mortos. O refugiado tem uma condição em que busca exílio político contra a perseguição contra si e sua família.

Ao eliminar esse termo e substituí-lo por Migrações, quer-se tornar o problema um problema pessoal, de escolha das pessoas que querem mudar de vida entrando em outro país para melhorar a sua condição de vida.

Assim, coloca-se sobre os ombros dessas populações perseguidas uma ideia distorcida de que desejam invadir outra cultura para dela se apropriar com o tempo.

Não é o caso! Os refugiados são uma realidade que expressa a destruição, a guerra, a perseguição. Em outas palavras, são vítimas e não algozes da cultura ocidental e também da cultura oriental.

Hoje há mais de 4 milhões de refugiados somente no Oriente Médio. Jordânia, Líbano, Turquia, têm no interior de suas fronteiras milhões de desterrados pela guerra.

O ponto que deve sofrer uma crítica radical, entre tantos pontos, é que se tratarmos essas vítimas como simples migrantes, estaremos cometendo uma barbárie cujo princípio está na manipulação dos termos que passam a ser consagrados pelos meios de comunicação e nós ao repeti-los, somos massa dessa manobra política.


Os racistas, xenofóbicos, escravagistas e outras aberrações se atêm à distorção dos termos para legitimarem suas posições contra refugiados e toda espécie de perseguidos.