Por Atanásio Mykonios
As
palavras são portadoras de significados. Não há neutralidade nelas. Elas expressam
a construção de um processo de poder e de luta pelo poder. Em tempos de
manipulação de opiniões públicas, elas são minuciosamente conduzidas para
refletirem a vontade de grupos de poder.
Os
meios de comunicação são especialistas em distorcer a realidade em favor de
interesses políticos e econômicos.
O
que a Europa está vivendo não é uma crise de migração (ou imigração), mas é uma
crise de REFUGIADOS. Milhões estão fugindo à guerra para não serem mortos. O refugiado
tem uma condição em que busca exílio político contra a perseguição contra si e
sua família.
Ao
eliminar esse termo e substituí-lo por Migrações, quer-se tornar o problema um
problema pessoal, de escolha das pessoas que querem mudar de vida entrando em
outro país para melhorar a sua condição de vida.
Assim,
coloca-se sobre os ombros dessas populações perseguidas uma ideia distorcida de
que desejam invadir outra cultura para dela se apropriar com o tempo.
Não
é o caso! Os refugiados são uma realidade que expressa a destruição, a guerra,
a perseguição. Em outas palavras, são vítimas e não algozes da cultura
ocidental e também da cultura oriental.
Hoje
há mais de 4 milhões de refugiados somente no Oriente Médio. Jordânia, Líbano,
Turquia, têm no interior de suas fronteiras milhões de desterrados pela guerra.
O
ponto que deve sofrer uma crítica radical, entre tantos pontos, é que se
tratarmos essas vítimas como simples migrantes, estaremos cometendo uma
barbárie cujo princípio está na manipulação dos termos que passam a ser consagrados
pelos meios de comunicação e nós ao repeti-los, somos massa dessa manobra
política.
Os
racistas, xenofóbicos, escravagistas e outras aberrações se atêm à distorção
dos termos para legitimarem suas posições contra refugiados e toda espécie de
perseguidos.