quinta-feira, 18 de julho de 2019

Lucro e pobreza

Por Atanásio Mykonios


 A concentração de riqueza no mundo e no Brasil, que aumenta a cada nova pesquisa, mostra, em grande medida a própria contradição desse sistema. Em primeiro lugar as pessoas não compreendem que o capital é um sistema social. Em segundo lugar, não conseguem perceber que se trata de um processo que tende a culminar com a sua contradição total. Quanto mais cresce a concentração de riqueza, mais o sistema mostra a sua ineficiência. O aumento do lucro não representa, diretamente, o aumento da rentabilidade do capital, é exatamente o contrário que ocorre. A sociedade empobrece à medida que o lucro aumenta. Uma das razões é o aceleramento das forças de produção, quanto mais aumenta o emprego da ciência, da administração, dos controles produtivos e do aumento da produtividade, em escala inversa, a sociedade empobrece, destarte o fato de que as mercadorias são barateadas a ponto de criar uma ilusão social de que as pessoas estão mais “ricas” com mais mercadorias à sua disposição. Mas também outro fator estrutural é a substituição da força de trabalho pelo trabalho morto em escala mundial. A consequência é que uma massa incalculável, que aumenta cada vez mais, torna-se não-rentável. A transferência de dinheiro sem valor é uma drenagem sem lastro estrutural.
 

A honra perdida dos professores


 Por Atanásio Mykonios



Ora, desculpem-me os professores, também sou. Mas, o problema da valorização do professor é um problema capitalista e não moral nem de merecimento. O capitalismo é um modo de produzir valor, numa perspectiva crescente de valorização desse valor. O valor é a lei do capital, cada trabalhador vale como valor econômico, não como pessoa. O nosso problema não é moral! Não é porque formamos pessoas, porque as pessoas precisam de um professor que a sociedade e os governantes devem dar mais salário para os professores; não é porque formamos os filhos dos trabalhadores ou que formamos futuros profissionais é que devemos ser “valorizados”. Na verdade, devemos nos perguntar se na cadeia de produção capitalista o que o professor representa como elemento de rentabilidade capitalista. O Estado é uma entidade capitalista! De forma capitalista o Estado olha para nós como mão de obra – o Estado é uma empresa que tem o monopólio de outorgar a minha identidade e de me prender, ele tem o monopólio da violência. Somos rentáveis, damos lucro? O Estado vive do valor do capital. A maioria dos professores leciona para a massa de jovens que não tem oportunidades nem terá emprego no futuro. No fundo, todos nós sabemos disso! Que valor produzimos para o capitalismo? Quantos dos nossos alunos irão produzir valor para o sistema? Mas se eu for um professor de uma FGV que forma a elite administrativa e cada profissional rende para o capital mais valor, então eu vou ganhar mais. Se o problema é capitalista, então temos duas alternativas, ou acabamos com o capitalismo e a produção de valor ou nos transformamos em negociantes melhores.