Por Atanásio Mykonios
Quando
o policial descobrir a sua condição histórica de trabalhador explorado, talvez
aí, não nasça alguma consciência de classe, talvez descubra a quem serve e por
que o serve. O tempo histórico não é garantia de consciência histórica, apenas
é o tempo do movimento real das relações sociais, todas. O policial é um
trabalhador que assim como tantos, parece não ter noção de que é trabalhador.
Por outro lado, não é só aqui, no mundo inteiro, o capital e os Estados têm
fortalecido as polícias, têm armado até os dentes as polícias, com o que há de
mais moderno em termos de reprimir e matar. Aqui como em muitos países, as
polícias foram tornadas intocáveis. Isso torna a possibilidade de que um
policial tenha clareza histórica de que é um trabalhador explorado, é cada vez
mais difícil e distante. Quanto maior o poder de intervenção dado à polícia,
por parte do capital e do Estado, mais poder as polícias adquirem e mais
autonomia e distantes da sociedade se colocam. Elas se tornaram um cancro
histórico da sociedade. As polícias começaram a cobrar seu quinhão nesse
latifúndio social. Querem não apenas a garantia para reprimir, não apenas
continuar a garantir a produção do capital e a exploração, executando com
precisão suas funções. Querem poder, querem um pedaço do poder. Seria ingênuo
acreditar nas funções constitucionais das polícias. O Estado é posto para
garantir as relações de desigualdade por meio do contrato desigual entre
classes. Por isso, a polícia sempre estará do lado de quem sempre esteve. Como
os trabalhadores da polícia poderiam compreender a sua condição de explorados
se fazem parte da proteção ao capital?