Por Atanásio Mykonios
O fetiche da sociedade da mercadoria é também o fetiche do trabalho e do
consumo. Ambos estão conectados, mas de forma absolutamente perversa. A
lei da oferta e da procura é apenas o aspecto fenomenológico das
relações econômicas no capital. Vele o capital, acima de tudo e acima de
todos e não o interesse de consumidores. Se consumidores, que na
verdade, devem antes de mais nada, adquirirem as mercadorias para
consumi-las, têm ou não direito à comida, à água, ao abrigo, à vestimenta,
isto é de somenos importância para o capital. Todas as semânticas que
envolvem o princípio básico dessa realidade, servem para escamotear o
mundo concreto que o capital impõe sobre as sociedades do mundo inteiro.
A lógica da produção capitalista não é a lógica das necessidades
sociais nem mesmo as das individuais. Enganam-se aqueles que pensam que o
mundo está à sua disposição só porque o dinheiro que têm no bolso lhes
basta para satisfazer necessidades espetaculares. Morrer de fome não é
uma opção existencial muito menos um luxo de quem não quer trabalhar. O
fetiche do trabalho é o mito salvacionista de uma sociedade que crê na
ordem do trabalho como merecimento. Mas não entrega o que promete.
Carne, ovos, frango ou celulares, tanto faz. Não existe a mão invisível
do mercado, existe sim o fantasma da lei do valor sobre valor que
impulsiona as formas sociais em sua derradeira condição histórica.