domingo, 26 de dezembro de 2010

DEPENDÊNCIA E REPRODUÇÃO

O capitalismo é voraz. Avança sobre as estruturas sociais impiedosamente. Um aspecto cruel do capitalismo é o fato de que ele cria uma ordem de dependência absoluta e, por isso mesmo, um dos fenômenos do capital é a miséria, diferentemente do que entendemos historicamente por pobreza, a miséria é a absoluta dependência, o esmagamento, a espoliação total, mas sem o descarte definitivo. A miséria é a expressão última de uma das pontas dessa relação social. Neste processo, o que espanta é a condição em que o capital se coloca nas regiões menos desenvolvidas, quando o sistema chega com sua voracidade, as consciências se transformam ainda com muito mais rapidez, mais força e violência. A dependência gera a necessidade de se transformar no oposto do que a experiência histórica calcou as formas sociais que, de alguma forma, pareciam viver apartadas do próprio capitalismo. Isto nos leva à tese que tenho defendido cada vez mais, a de que o capitalismo atingiu a ordem total do mundo e as consciências atuais se tornam ainda mais ferozes na manutenção e reprodução automática desse monstro. Observamos mais amiúde que as relações sociais passam a ter uma única fonte para o comportamento ético, uma única ontologia, a ontologia social da sociedade produtora de mercadorias. Os indivíduos nas regiões que aparentemente consideradas atrasadas economicamente, absorvem a tendência da reificação com a força propulsora de um míssil atômico. Mas isto não quer dizer em absoluto que não há resistências, pois existem em várias partes do mundo – México, Colômbia, Brasil, Palestina, África Central, Europa (Grécia, Espanha, Itália, França, Irlanda). Por outro lado, essa tendência é o germe de um processo, cuja culminância será o estopim mundial, o rastilho de pólvora está a caminho.