segunda-feira, 30 de março de 2015

Da Educação à Pena!

Por Atanásio Mykonios

A educação pública no Brasil se tornou um problema de difícil conclusão. A cultura que se vive há ao menos uma década e meia é a da militarização social em detrimento à estrutura educacional que vê seu nível decair absurda e gradativamente ao longo desse período. Um estado penal vem em substituição à educação e às estruturas de proteção social. O processo de transformação por que passa a sociedade é intrigante e preocupante, à medida que compreendemos essa transformação, somos levados a comparar esse contexto com, por exemplo, os EUA, em que a política de Estado a partir dos anos 1970 foi o de aumentar os conteúdos penais em quantidade a fim de chegar e aprisionar as populações mais fragilizadas – negros e latinos. A política social de segregação agora passou a ter um novo componente a seu favor, a lei e a pena, servem como artefato e pano de fundo para o controle social por meio da criminalização dos mais pobres, tanto aqui no Brasil quanto nos EUA.

ESSA É PARA TODOS NÓS

Por Atanásio Mykonios

Cuide das pessoas, preocupe-se com elas, especialmente com seus amigos. Não os faça esperar tanto tempo, tenha sempre um gesto de carinho, pergunte, mande um recado, cuide deles, mas também de todos que estão com você.

Seus amigos são seu maior tesouro. Não pense que eles estarão sempre ali, só porque alguém disse que amigos são para sempre. Não pense que seus problemas são tão significativos que o mundo e os seus amigos podem esperar. A presença é muito importante, sempre. Esteja presente.

Não se desculpe tanto, não encontre tantas justificativas para fazer o que tem de ser feito. Se alguém se preocupa com você, se alguém lhe oferece ajuda, aceite, aprenda a ser humilde.

Mas não procure seus amigos ou as pessoas só quando precisa delas. Não seja fingido ou falso, com supostas preocupações quando o que quer mesmo é que eles ajudem você.

Não os faça crer que eles não são importantes para você, ou que apenas eles os são quando você quer que sejam. Não transmita a noção de que você é tão forte e independente que não precisa de seus amigos.

Não seja daqueles que todos têm de girar ao seu redor para que possam vê-lo e acarinhá-lo, você é mais um como todos nós. Não deixe o tempo passar por causa de suas desculpas, seja mais atencioso, mais compreensivo, aprenda a dizer que ama as pessoas.

Não fale tanto apenas de você e de seus problemas, o mundo não está tão interessado neles. Afinal, você não é tão interessante quanto imagina e não pense que o mundo gira à sua volta, na verdade, esse é um processo de relação contínua. Você está no mundo, então procure compreender como você está no mundo e como pode estar nele a partir de você.

Pare de se preocupar apenas com você e com o seu imediato. Pare de mostrar ao mundo que você é uma pessoa maravilhosa, sem erros ou defeitos, e que o mundo e as pessoas é que estão erradas a seu respeito.

Não se sinta tão valorizado a ponto de criar um tribunal de acusação contra todos que rodeiam a sua vida social. Não crie a paranoia de que todos são suspeitos. Entenda que você também é um problema para os outros.

Suas verdades não são as únicas que estão no mundo, saiba que a verdade do mundo é bem outra. E que entre a sua verdade, a verdade do mundo e as verdades que estão por aí, há um longo caminho a percorrer. Não defenda tanto suas pequenas verdades como se elas fossem dizer o que o mundo não sabe a seu respeito.

Não tenha medo das pessoas e de ter de recomeçar quantas vezes forem necessárias.

Sua arrogância aparentemente lhe é útil, mas isso não passa de uma grande ilusão. Você sabe de quantas ilusões você é feito.

Não finja que não precisa das pessoas e dos seus amigos. Você não é tão autossuficiente quanto supõe ser. É bem o contrário, você só é o que é graças a todos que estão, estiveram e estarão na sua vida.

Estenda a mão não só a quem precisa, mas estenda a mão sempre. Olhe nos olhos, aperte a mão das pessoas, aprenda a ouvir antes de falar.

Cuide e dê o que você tem de melhor para as pessoas. Não guarde para você o que lhe foi dado gratuitamente. Cada um dá o que tem de melhor. Se você não tem nada a oferecer, então encontre algo. A felicidade só existirá quando você der aos outros o que sabe e tem de melhor.

Não prometa o que não pode cumprir. Não saia dizendo o que quer fazer, mas não o fará jamais. Não espere que os outros façam o que você mesmo não é capaz de fazer. Não diga aos outros o que têm de fazer se você mesmo não o faria.

Não se arvore à coragem que não tem. Não se esconda atrás dos computadores, não seja corajoso com as palavras, não prove nada a você nem a ninguém.

Mas por outro lado, não seja indiferente à dor que está por todos os lados. Não finja que não existem problemas à sua volta. Não finja que isso não lhe diz respeito. Não finja a felicidade tão intensa em um mundo em escombros e ruínas.

Não diga nada quando não sabe.

Seja generoso, compreensivo, aprenda a enxergar a realidade para além da sua própria realidade. Aprenda a perdoar, porque um dos grandes avanços na história da humanidade foi o perdão e hoje estamos em um mundo em que a última coisa a ser pensada é o perdão.

Somos uma sociedade da punição, na perseguição, do medo, da indiferença, do ódio.

Não seja tão egoísta e nem tanto quanto forem os que o rodeiam. Não queira ser tão igual aos outros, nem sempre isso é sinônimo de identidade ou de segurança psicológica ou mesmo de pertencimento.

Não se convença de que você é tão livre quanto seu desejo quer nem tão escravo quanto o sistema assim o ensina.

Não tenha medo da pobreza, tenha medo de uma sociedade que provoca deliberadamente a pobreza. Não se agarre ao que você tem com tanto afinco a ponto de legitimar a exploração, a segregação, o fosso social que o separa do resto do mundo. Não tenha orgulho dos seus pertences.

Não se agarre com unhas e dentes ao que você conquistou, porque isso é resultado de um processo e você está nele.

Não seja tão alienado do mundo onde você mesmo vive. Não acredite tanto no que vê e escuta. Aprenda a ter olhos de um crítico, adquira mais consciência social e histórica.

Não insista em sua preguiça intelectual. Não é porque o mundo está pronto para você usá-lo e usufruí-lo que não há mais nada a ser feito.

Não se irrite com aqueles que sabem mais que você, ou que leram mais, ou que refletem mais, ou que têm um senso crítico e de justiça que você não tem. Aprenda que o conhecimento é um processo também doloroso e que não é um piquenique. Não viva na crença de palavras soltas ou de afirmações que caem do céu.


Não seja tão ingênuo nem tão infantilizado para que tudo esteja sempre à sua disposição.