Atanásio Mykonios
O mundo contemporâneo se divide em duas esferas sociais, aparentemente distintas e que não se tocam, do ponto de vista dos indivíduos. Quero me referir ao modo pelo qual as relações humanas estão cindidas e atuantes no âmbito de uma esquizofrenia total. O amor entre as pessoas, o seu sexo, as afetividades, traições, a moral, constituem um mundo à parte daquele que visa à produção.
Parece haver apenas um lugar no qual podemos dimensionar nossas emoções, e o mundo inteiro joga todas as suas fichas nessa esfera das emoções e dos talentos pessoais. Buscamos desenfreados sentimentos que nos deem sentido à vida. o anonimato é cada vez mais uma clausura infernal, ser esquecido é a maldição absoluta, como que abandonados, vivemos exaustivamente na onda de uma espécie de salvação. Necessitamos sermos salvos do inferno atual.
A sociedade dirige seus holofotes e luzes para um tipo de comportamento humano, gasta bilhões em programas de entretenimento, com debates sobre os mais diversos campos da mente humana, a fim de desvendar os mistérios e as ações humanas. A ciência tenta garantir respostas a todos os males, a indústria científica ganhou as telas, para cada problema, uma solução adequada, os novos gurus sociais se apresentam de jaleco e com linguajar técnico.
Gastam-se milhões de quilômetros em papel para auscultar a alma humana, vaticinar acerca dos novos rumos e tendências da sociedade. Quase sempre temos um mundo vivido com uma metafísica estonteante, que traga os indivíduos com sua consciência, cujo pensamento dominante é de uma autonomia diante da própria vida. O mundo se tornou, como afirmou Guy Debord, um imenso espetáculo, determinado pelo esquecimento da outra esfera do mundo das relações – o mundo concreto da produção de mercadorias, que nos é esquecido, que nos é escondido pela fonte eterna da felicidade.
Cada vez mais, o mundo das emoções, do comportamento, da atitude individual assume o controle aparente sobre o mundo concreto e é neste mundo que o consumo assume importância capital. É na dimensão do consumo que o ser humano moderno parece liberar suas taras e sadismos, dos mais variados; é quando ele se sente, de alguma forma, dono de sua existência, como se não houvesse qualquer relação com a esfera do trabalho.
É bem verdade que o mundo do trabalho é o lugar mais obscuro das relações humanas na atualidade. É no ambiente do trabalho, cindido entre a mais valia relativa e absoluta e pela estrutura de controle e exploração do tempo excedente, que a luta se configura – a contradição, como elemento fulcral do conflito que obscurece a humanidade. Politicamente, o modo pelo qual se dão as relações implica uma compreensão mais apurada e detalhada dessas mesmas relações.
A verdadeira política ocorre no meio do processo produtivo, pois a produção de valor sobre valor exige uma estrutura de administração da produção que leva em conta o controle rígido dos seres humanos, a hierarquização das instâncias do processo e a vigilância permanente sobe os trabalhadores. Isto resulta, fatalmente, em conflitos de toda ordem no âmbito da produção, não importando se se trata de uma linha de produção industrial, semi-manufatureira, ou em um complexo comercial com lojas de departamento, quiçá num ambiente burocrático estatal ou privado.
O cotidiano dessas relações fica escondido na superfície das necessidades sociais, uma vez que a sociedade rapidamente, na história do capitalismo, aliou o trabalho como fonte de honra e dignidade à produção de mercadorias. Interessante é perceber que historicamente o controle sobre o corpo e a mente dos trabalhadores se converteu, paulatinamente, em virtude denominada de disciplina.
Obediência e tara social
Vale aprofundarmos ainda mais esse problema. A disciplina implica obediência. A obediência, na sociedade do trabalho, parece ser uma qualidade para o indivíduo, que passa pelo capitalismo e adquire alguns bens duráveis em virtude da sua capacidade absurda de obedecer à hierarquia e ao condicionamento psicossocial. A relação social imposta aqui está longe do controle dos próprios indivíduos, vítimas desse processo. A idolatria pela obediência ao mercado transforma os indivíduos em medíocres. A tara se aprofunda à medida que observamos em loco as relações entre indivíduos que se situam no interior do processo produtivo, que podemos chamá-lo de ambiente geral de trabalho. Nesse mundo, a ordem social se transfere para um senhor interno criado para submeter cada indivíduo ao trabalho.
A desgraça reside no fato de que em grande medida, o trabalho, minimamente, garante o sustento, sendo então aceitável, do ponto de vista social, a sodomia sobre o próprio trabalhador. Com isto, toda sorte de vilipêndios e torturas corporais e mentais são experimentados de modo natural, criando uma aparente legitimação que obriga a todos a se submeterem formalmente a esta tortura. Não se trata apenas e tão-somente de apontar a hierarquia e suas ordens diretas ou indiretas. A forma como se controla o trabalho penetra substancialmente por todos os poros do corpo humano, dando-lhe a incerteza de que está confiante em suas atividades. Constantemente o indivíduo se dá conta de que algo lhe ocorre, com a impressão de que um fantasma o fiscaliza constantemente. Todos os trabalhadores são, em princípio e de começo, suspeitos quanto à sua capacidade de cumprir com tarefas que são impostas pelo processo de trabalho e sua estrutura.
O objetivo das empresas é muito claro, a saber, o produto final. Nisto parece haver alguma dose de objetividade, para não dizer com todas as letras que se trata de um objetivo preciso, a mercadoria. E aqui não importa se estamos lidando com batatas fritas, carros, remédios, câncer a ser tratado, listas telefônicas ou até mesmo a educação e o saber, importa que entre o input e o output (segundo terminologia adotada por João Bernardo em Economia dos Conflitos Sociais) algo ocorre de muito perverso e extremamente cruel.
A vida de cada indivíduo, mergulhado na esquizofrenia da produção, é a vida de um complexo jogo de poder e de resistências, tanto quanto o poder exercido pelos controladores do processo produtivo. Este poder não é um poder qualquer, é muito mais eficaz que o poder de polícia e, ultimamente, não parece haver mais a necessidade de exercê-lo com a brutalidade; basta apenas que a chantagem e a coerção exerçam sobre a consciência de cada indivíduo um volume de controle sobre cada ação e tarefa a ponto de criar restrições e autocensuras contínuas sobre cada trabalhador. O clima permanente de suspeita gera um autocontrole sobre os próprios indivíduos e parte dos conflitos não se dá em campo aberto, ao contrário, são jogos velados e muito bem articulados entre os que têm o poder de decidir e mandar e controlar e os que devem executar formalmente o trabalho.
Nesse meandro, o que ocorre é justamente uma gama de subjetividades, levadas em conta quando se trata de decidir acerca do destino de cada indivíduo no ambiente da produção. Isto nos leva a uma condição de extrema precariedade e de falta absoluta de autonomia por parte de cada indivíduo, mesmo por parte daqueles que exercem o poder do controle e da punição sobre os demais, uma vez que estes são obrigados a obedecerem a uma lógica determinista de obediência ao processo da mercadoria em geral. É possível elencar uma infinidade de ocorrências estúpidas e desumanas das quais são vítimas os indivíduos no ambiente de trabalho, mas todos os fatos que por ventura poderiam ser relatados aqui, não são suficientes para aquilatar a tragédia do trabalho e a sua psicopatia.
Para cumprir com os desígnios desse processo, cujo objetivo é a formação da mercadoria, a subjetividade do comportamento no ínterim entre a entrada e a saída é evidente. toda sorte de descasos, poderes, imposições, etc. É nesse meio que parece não haver uma lei que distinga as relações, a não ser o propósito de forçar os indivíduos a um sistema de exploração que também leva em conta as vontades individuais de cada hierarca. As decisões sempre encontram respaldo nos interesses maiores, no todo, na unidade do processo que é, em última análise, a chegada do produto à sua finalidade, ou seja, em nome de uma norma e de uma teleologia, os indivíduos se aproveitam, também, para prorromperem em ações subjetivas.
No entanto, mesmo que entre a entrada e a saída não houvesse tal subjetividade, o modelo social cindido do processo da produção, leva, por conseguinte, a um esforço necessário para controlar o indivíduo que, indubitavelmente, cada um dos envolvidos se sente premido pela obediência, até com fins de sua suposta sobrevivência no interior do sistema. Assim, parece da natureza da contradição entre a mais valia relativa e a absoluta, a imperiosa condição de promover o controle, a vigilância e a punição, vez que não se trata de um trabalho submetido à decisão dos indivíduos e suas necessidades, ao contrário, são efetivamente obrigados a cumprirem com uma rotina de produção, com tarefas estranhas, cujo desdobramento é a alienação do processo. Por outro lado, mesmo que haja um único trabalhador no chão de fábrica capaz de controlar todo o processo produtivo e suas fases, ainda assim, haverá exploração e sadismo, por conta do controle imediatamente necessário a fim de garantir a qualidade da mercadoria.
Aí, nesse jogo de poder, no qual, de fato, não se trata de um jogo em que ambos os contendores estão em igualdades de condição a fim de obter vantagens por meio das regras do jogo. Trata-se de um jogo puramente desigual, mas ambos, hierarquia e trabalhadores individualizados ou, entre a mais valia relativa e a absoluta, obedecem a uma lógica, mas isto não quer dizer que há um veredicto final, sempre estamos aqui a tratar de um jogo aberto, mesmo que, de modo geral, continuemos a imaginar que os trabalhadores individualizados percam frontalmente nesse jogo de poder.
De uma forma ou de outra, tem-se como certa a finalidade última do processo, que é a mercadoria. Pode haver luta interna a fim de aumentar as condições de trabalho e para aumentar as diligências em favor de um melhor processamento do produto, no entanto, volta-se sempre à condição necessária, isto é, a produção final. Tem-se, então, um problema que deve ser considerado dialeticamente, porque se juntam elementos da necessidade precípua, maquiados pela necessidade da mercadoria.
Em outras palavras, a luta interna, estabelecida na esfera própria do processo produtivo, pode chegar a um consenso e tudo volta ao ponto inicial, como se o trem voltasse aos trilhos, como se nada tivesse ocorrido. A luta interna tem sentido à medida que se refere a resistências cujo teor é o de combater a exploração do trabalho, enfrentar o tempo das atividades, resistir a ordens e determinações, mas devemos sempre considerá-las circunstancialmente, posto que somente em alguns momentos essa esfera é questionada na sua possibilidade de existência – um questionamento radical.
Parece-me que o sr. "Rapsodo", alcunha assaz interessante, chegou a deduções, parece-me que a partir de suas próprias interpretações do mundo, pois, o que podemos inferir lendo seus "comentários" é que a obra "O Capital" jaz em uma lixeira; a mercadoria é fruto "do encontro da necessidade com o desejo" (muito romântico!); e o desejo parece ser algo genético, já que origina todo o edifício capitalista. Ora, extinguir o ser humano é a solução (já que a "gênese" da mercadoria, segundo ele, é genética)! Dessa forma o mundo sairá incólume!
ResponderExcluirTalvez devamos "comentar" criticamente este texto, por meio de tópicos:
ResponderExcluir- só há gasto (custo), quando há pelo menos a possibilidade de geração de valor;
- entretenimento não é custo! Gera, produz bilhões em capital!
- a ciência produz capital, está a serviço do capital; não tem como objetivo verdadeiramente solucionar ou "responder" a questões de ordem "humana";
- a tecnologia é um elemento extremamente dominador, tanto dentro quanto fora do trabalho, muito mais fora, pois o indivíduo não trabalha e segue à risca os movimentos automatizados do capital (oraganização social);
- a obediência existe mais fora do que dentro do âmbito do trabalho, vide as marionetes controladas pela dinâmica de produção do capital midiático, televisivo, futebolístico 9o mais bárbaro deles no que tange a comportamento);
- o objetivo das empresas não é o produto final (como o autor mesmo escreveu, baseado em Kurz, as empresas podem produzir remédios ou bombas), mas sim o capital;
- a única ação permitida ação permitida aos sujeitos, dentro ou fora do trabalho, é a consecução do capital, mesmo quando há intrigas, baseadas em balelas, ou o tão comentado neste texto "poder"(???), o escopo é o capital;
- O que é o "poder", neste texto?
- Em que local residem as resistências no processo de produção do capital (vale lembrar que tal processo engloba trabalho e consumo)?
Prezado Anônimo
ResponderExcluirDe fato, você tem argumentos muito fortes e evidentes.
Vou rever esse texto e considerar suas observações
Forte abraço do Atanásio, prezado Anônimo
Olá, grego! Puxa, lendo seu texto eu me coloquei a refletir sobre meu próprio trabalho, que agora é como educador musical, com carteira assinada etc.
ResponderExcluirVocê trouxe à tona, neste texto, aquela sensação que temos quando entramos chegamos no trabalho, mas que não sabemos bem ao certo o que é exatamente. É mesmo um fantasma que nos espia o tempo todo, mas é um fantasma embutido, um mecanismo colocado dentro. Quer dizer, este clima, este ambiente, esta "fumaça que envolve o teatro" provoca em nós uma desconfiança torturante em relação à capacidade de produzir, de trabalhar, de responder ao estímulos do trabalho (estímulo do tipo "estímulo-resposta" mesmo, porque em outro sentido não há estímulo nenhum para trabalhar...).
Essa obediência cega que adquirimos foi gradual, porque se fosse repentina, jamais conseguiríamos aceitá-la, pois é absurda demais!
Falo por mim mesmo quando digo que a sensação de estar no âmbito de trabalho é bem próxima à de tortura. E, ainda no meu caso, penso que a sensação que é anterior ao trabalho se apresenta como coisa bem mais atroz... É o sofrimento de quem espera no corredor, de quem sabe que será torturado lentamente!
grande abraço, grego! Gostaria mesmo de poder sentar e conversar isso pessoalmente com você! muitas saudades mesmo!
O trecho do seu texto: "O clima permanente de suspeita gera um autocontrole sobre os próprios indivíduos e parte dos conflitos não se dá em campo aberto, ao contrário, são jogos velados e muito bem articulados entre os que têm o poder de decidir e mandar e controlar e os que devem executar formalmente o trabalho."
Eu disse que jamais conseguiríamos aceitar esta obediência cega se fosse repentina, mas agora eu re-pensei isso. rs
ResponderExcluirDe fato, todos nós, uns em grau mais elevado que outros, sentimos a absurdidade de toda esta lógica...
E os que percebem com mais profundidade, sofrem mais profundamente.
Muito bem, sr. Anônimo. Não sei o que o movimenta ou movimentou a comentar o que escrevi, porém, arrisco-me a dizer que talvez pelo puro gosto ou gozo de um bom sarcasmo, característicos de sábios que se entendem como tais e que assim sendo, brindam-nos, vez por outra, com seus caprichos. Deixemos isto e verifiquemos sua colocação primeira em referência as minhas deduções e interpretações de mundo. Afinal, o que é uma interpretação? Quando observo o mundo que me circunda não estou de certa forma interpretando-o? Há quem diga que observar o mundo é o mesmo que fazer uma leitura de mundo. Quando estou diante do mundo lendo-o ou interpretando-o estou em duas atividades ou em apenas uma? Caso aceitemos a segunda alternativa, ou seja, que ler e interpretar sejam partes de um mesmo processo ou procedimento, podemos concordar que uma leitura também é uma interpretação e, portanto, sr. Anônimo, talvez isto possa nos conduzir a uma concordância provisória com o objetivo de desconstruirmos o que sustenta, quiçá, seu sarcasmo e sua apressada interpretação de minha escrita. Pois bem, parto do principio que tudo é interpretação, que se cristalizam e se hierarquizam sobrepondo-se umas as outras, veja bem sr. Anônimo, talvez pense o sr. que estou sózinho nisto, o que devo adverti-lo que tenho companhia neste trajeto de raciocínio, ou seja, estou embasado nas concepções do filósofo Jacques Derrida. Mas aproximemo-nos mais desta divergência, que creio, seja um aspecto da gênese da mercadoria apresentada por este exótico rapsodo ou, que se apresenta por tal alcunha, aliás, o que é um nome ou uma alcunha senão mais uma mercadoria que podemos juntar em um saco plástico qualquer de um supermercado comum. Reafirmo que uma possibilidade, dentre outras, é que a mercadoria surge do desejo e da necessidade e argumento enfatizando o núcleo da mercadoria como problema ou a teoria do valor, observe sr. Anônimo, que toco um problema em sua multidimensionalidade possível. Marx fez uma leitura e assim uma interpretação do valor e a partir desta leitura e interpretação o leitor deste, por sua vez, estará sujeito a uma leitura e também uma interpretação e assim sucessivamente, caso assim não fosse possível, não teríamos algumas divergências nas concepções de leitura tais como marxistas e marxianos e outros mais. Quanto a mim, resta-me interpretar, pois, quebrou-se o encanto de fidelidade a idéia pura de uma concepção oriunda de outro, não consigo ser tão romântico assim, talvez com um pouco mais de esforço consiga ajustar-me ou não, e isto seria para uma outra conversa. Vamos à definição (interpretação) aceita e hieraquizada de uma compreensão acadêmica acerca do valor como “quantidade de trabalho socialmente necessária para a produção de uma mercadoria”, há que se distinguir que valor não é trabalho, porém, uma propriedade social das mercadorias que consiste em um poder de compra. O que caracteriza uma propriedade social e o que podemos inferir disto sr. Anônimo, por favor não me venha com respostas de manuais e não se apresse com elas. Observemos mais de perto isto e talvez possamos perceber ou “interpretar” o desejo e a necessidade, interlaçados por entre esta possibilidade. Talvez seja necessário extinguir a humanidade , sr. Anônimo, porém, extinguir a concepção ontológica do ser desta humanidade que hoje parece e atingir seu cume, ou seja, descaracterizada de sujeitos que por sua vez, confundem-se com o produto de suas faculdades inerentes. Em hipótese alguma julgue-me tolo o suficiente para atirar a lixeira O Capital, sr. Anônimo, aliás, esta é uma obra que me é cara. Enfim, com isto espero não mais o mesmo sarcasmo ou o que o produziu, quem sabe outro com mais criatividade, que desconfio que você tenha.
ResponderExcluirSalve, Grego! Texto profundo e de uma análise que ressalta em mim algumas dúvidas e,portanto, vamos a elas, ou seja, para onde aponta o sentido deste trecho:
ResponderExcluir" Tem-se, então, um problema que deve ser considerado dialeticamente, porque se juntam elementos da necessidade precípua, maquiados pela necessidade da mercadoria."
Seria uma consideração a uma possível relação entre Capital e Mercadoria ou a relação entre sujeitos de desejo e a prórpia estruturação do valor? Talvez nem uma e nem outra e então para onde vamos nisto, meu caro grego?
Sr. Rapsodo,
ResponderExcluirNão se irrite! Não sou dado a vaidades! Por isso, apenas tentei contribuir com o debate. Mas se o Sr., a cada questionamento que lhe for feito durante a vida acadêmica, vociferar uma retórica tão vazia quanto a floresta de signos pós moderna, e invocar o tão combalido e estropiado pedreiro psicótico capitalista pós-moderno, servo dos autores do que é conhecido entre nós como teorias da pós-modernidade, e que passa sua vida a construir e descontruir tudo que encontra pela frente, numa maldição bem pior (e menor, pois seus mandantes mal conseguem alcançar os ombors dos gigantes) que a de Sísifo, encontrará dificuldades Hercúleas. Pois quem está a "interpretar" o próprio pedreiro? Ele é fruto de um sonho de quem? Ele duvida da própria existência? Então, quem está a construir e desconstruir? Será que a realidade existe, ou é fruto da "matrix"? Mas quem pensou/interpretou-a? A partir de quê? Como?????
Descarte e o debate que se seguiu deu conta disso há tempos!
Caro Sr. Rapsodo, continuo a achar vossa alcunha assaz interessante, principalmente o "Ritmo e a poesia", não se irrite! Nunca foi meu objetivo questionar vossa "sabedoria" nem vosso intelecto, apenas e tão somente debater idéias, que sei, não provém do Sr.
Sr. Rapdoso, a 1a. regra da vida, aprendi com Lenin, é de uma humildade grandiosa:"Aprender, aprender, aprender sempre!
Ora , ora, sr.Anônimo, isto me surpreendeu:
ResponderExcluir" e invocar o tão combalido e estropiado pedreiro psicótico capitalista pós-moderno, servo dos autores do que é conhecido entre nós como teorias da pós-modernidade, e que passa sua vida a construir e descontruir tudo que encontra pela frente..."
Talvez o sr. esteja mesmo com a razão quanto a primeira regra, ou seja, aprender , aprender e aprender sempre, eis aqui nosso ponto de convergência, por isto mantenho-me atento aos arroubos de definição que se arvoram em fixar-se por entre o desconhecido que vez por outra, apresenta-se diante de mim convidando- me ao conhecimento. Não estou irritado, sr. Anônimo, embora tenha transparecido, talvez e muito provavelmente, apenas bobagens de uma pretensa singularidade, que tal como um espectro, insiste em manter-se definida como elo de coesão subjetiva. Não sinto-me em condição suficiente de comentar os ecritos de Marx, "ainda" tendo em vista que tenho me esforçado em tal empenho. Portanto, sr.Anônimo, sugiro que continuemos com sua sugestão, ou seja, aprender, aprender e sempre aprender, talvez seja apenas o que nos resta enquanto condição humana.
Caro Sr. Rapsodo:
ResponderExcluirEspero que o Grego esteja a regozijar-se de ter originado, com um de seus textos, nosso debate!
Mas é isso Sr. Rapsodo: debater é "preciso", para manter a imprecisão e o movimento. Porém, se me permites uma sugestão, mantenha-se lendo Derrida, mas acrescente Edmund Husserl. Marx é importante; mas, como nos ensina novamente Lenin, para compreendê-lo necessitamos de Hegel (Lenin nos manda ler o facílimo texto "A ciência da lógica", em alemão, de preferência. Ou seja, tarefa minúscula para nós, mortais.)No entanto, todos nós temos que manter a singularidade, o empenho e a coesão; nenhuma delas, aliás, se enquadra na condição de bobagem. Fique firme! Sei que o momento é desalentador para quem tem o mínimo senso crítico, mas ainda ouso discordar do Sr., pois,lembrando Marx, os filósofos já interpretaram o mundo, cabe a eles agora transformá-lo! Se alterarmos, dentro do possível que as condições objetivas nos permitem, a nós mesmos, já será um grande feito!
Catastroficamente obrigo-me a viver tudo isso diuturnamente...
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