Quando a gente estuda a evolução dos empregos no mundo, partindo de informações dadas pela OIT, existe uma característica muito interessante no sistema capitalista. Nos últimos 30 anos a tendência é que o número de homens que são trabalhadores empregados, no mundo todo, é de aproximadamente 60%, enquanto as mulheres ocupam aproximadamente 40% dos empregos, no mundo todo. Isso também ocorre no Brasil, nos últimos 20 anos, de acordo com o IBGE, é a mesma tendência, com a mesma proporção, os homens ocupam 60% dos postos e as mulheres ocupam 40%. Existem dois significados nessa realidade. Primeiro, que a estrutura do capitalismo não permite que as mulheres ocupem mais postos de trabalho do que os homens, significa dizer que o sistema é totalmente masculino. A oferta de emprego para as mulheres não cresce. Segundo significado é que existe uma massa de mulheres que não está no sistema e não será sequer empregada pelo sistema, ou seja, é a grande maioria que sustenta e dá suporte para que o capitalismo possa funcionar, tanto no Brasil quanto no mundo, de modo que as mulheres são a base da exploração e da Riqueza do sistema capitalista, aqui e em todos os lugares.
Crítica Social. Crítica sobre a sociedade que tem no sistema do capital sua fundamentação atual, sua condição de moldar os indivíduos e suas instituições. Entre muitos aspectos, a necessidade, o trabalho, a produção de valor, a alienação e o fetiche são os alvos desta crítica. Como superar o capitalismo? Daí não perdermos de vista a capacidade de indignação ao sistema que historicamente desumaniza a todos. Atanásio Mykonios
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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022
As diversas faces do fascismo
Precisamos entender que o fascismo assume contornos diferentes conforme o lugar, as condições históricas, as condições estruturais e culturais. Não pensemos que seja o fascismo ou seja o nazismo, ambos devam manter as mesmas características dos seus similares na Europa. Uma das características do nazismo é a perseguição racial ou étnica. Ele pode assumir a perseguição racial em outros moldes, aqui no Brasil, os fascistas não ousam, pelo menos por enquanto, perseguir judeus, mas o fascismo brasileiro certamente tem como propósito não apenas a perseguição racial, almeja uma estrutura de poder e de controle com o firme propósito de estruturar uma espécie de nação. Ocorre que em todos os lugares onde os fascismos prosperaram, em nenhum deles houve a negação do capital, ou seja, uma característica comum de todos os fascismos é que todos são efetivamente capitalistas. Sonham com um capitalismo puro, praticado por puros, que seja também a expressão da nação. O fascismo tupiniquim treme quando os capitalistas, tanto de origem judaica quanto de outras origens tiram um Patrocínio, mas este fascismo é praticado em larga escala, principalmente contra a população negra e contra os trabalhadores mais pobres. A grande expressão da estratégia do fascismo brasileiro, contra os negros e os pobres, está na forma como o governo lidou com a pandemia. Deixou à própria sorte e em menos de 2 anos, mais de 620 mil mortos. Mas isso também foi um ganho para o Capital, em geral. O fascismo ou os fascismos não têm o mesmo padrão, não seguem os mesmos padrões, existem alguns elementos que são característicos, como a supressão da luta de classes, o princípio da nacionalidade, o controle exacerbado das relações de produção, um inimigo comum, que possa mobilizar as massas, mas quanto à forma ou o conteúdo de perseguição e eliminação de minorias, isso vai variar conforme cada país me cada região. Por isso o nosso fascismo é um fascismo que tem uma mistura macarrônica, com feijoada e sushi.
A batalha da linguagem
A Batalha contemporânea da extrema-direita está sobretudo no campo da linguagem. Ela partiu para o ataque contra as esquerdas, com uma estratégia muito inteligente, que é a de inverter as definições e os conceitos, colocando o peso da defesa e da argumentação sobre as esquerdas. Uma vez que as esquerdas, gradativamente se acomodaram e deixaram de encarar a luta anticapitalista, para se tornarem, de alguma forma, opositoras positivas no interior do sistema, a extrema-direita encontrou uma brecha para perverter a história e partir para o ataque e consegue transformar a história recente como um exercício do autoritarismo exercido pelos governos de esquerda. Se nós consideramos um fato histórico incontestável a ditadura militar, essa extrema-direita consegue inverter e colocar sobre os ombros das esquerdas a responsabilidade, não da ditadura militar, uma vez que não a reconhece, mas transforma ao período posterior em um governo e um período ditatoriais de esquerda. Haja vista o conceito de marxismo cultural. E com isto, perverte toda a linguagem e inverte os conceitos. Conceitos que foram extremamente importantes para nós, como liberdade e expressão, hoje são utilizados pela extrema-direita como uma forma de suposta defesa contra o autoritarismo da esquerda. É por isso que a vacina se tornou uma bandeira política, que não é necessariamente contra seu aspecto científico, mas porque fundamentalmente trata de inverter o ônus e acusar a esquerda de ser autoritária, que passou a restringir a liberdade das pessoas. No meu entendimento, é mais ou menos isso que nós estamos vivendo hoje e o problema maior é que a esquerda não consegue enfrentar essa questão no campo político e procura nas instituições uma forma de se defender. Nós precisamos então inverter novamente esse confronto político e linguístico, isto é, nós temos que partir para o ataque.