sexta-feira, 29 de maio de 2020



A luta ideológica e a indústria da falsidade (nova face da luta de classes)

Por Atanásio Mykonios



           Interessante as reações. Um bando de criminosos que age à revelia, nos porões das gavetas sociais e que tem poder político. As esquerdas não tiveram condições de confrontar o exército de robôs porque não tinham e não têm capital para isso. É compreensível. Temos de entender que estamos lidando com uma batalha cujo inimigo utiliza a cultura da imagem e possui capital e capacidade de intervenção e capacidade de inverter a balança de poder a seu favor. Esse confronto tem características muito diferentes do ponto de vista das consequências políticas. Só agora foram confrontados no campo onde ainda é possível, no jurídico, pelo menos aqui no Brasil. Lá fora começa a haver quem os confronte com tecnologia, aqui somos pobres e sempre chegamos atrasados nas lutas. O campo da batalha agora é outro, até os trabalhadores mais pobres já estão familiarizados com esse campo, e por isso mesmo, são o alvo preferido do exército tecnológico. Por isso a reação animalesca dos promotores dessa política, com seus instrumentos, seus robozinhos, seus brinquedinhos escondidos no quarto da empregada, sua tecnologia da falsidade em escala industrial. Reagem como adolescentes raivosos, cujos pais querem controlar seu passa tempo favorito. Se nós não temos poder econômico para lidar com esse poder à extrema-direita, que é capaz de provocar verdadeiros terremotos políticos, bloqueando os significados, retorcendo a verdade, porque esse é o sentido real da ideologia, temos de nos preparar para essa nova face da luta de classes. A luta presencial historicamente é e será importante, mas a luta no campo virtual veio para ficar.

O espetáculo da educação



Por Atanásio Mykonios


           No espetáculo da sociabilidade, a educação não poderia ficar de fora. Chegou a hora e a vez do espetáculo da educação a distância. O show da educação através dos computadores e celulares. O distanciamento social se converte em distanciamento pedagógico. A didática se transforma em show de horrores. Professores e professoras se tornam apresentadores de programas de auditório. O show não pode parar. Tirem as crianças da sala!!! As aulas presenciais, que eram terrivelmente sofridas, agora são transmitidas em cadeia municipal ou estadual de limpeza social, todos em casa sem condições materiais. O auditório presencial é substituído pela tela individual. Em breve uma só pessoa apresentará as aulas. Os artistas da educação não terão sequer direito à produção, nem maquiagem, muito menos camarim. Assistiremos a anúncios de papelarias, copiadoras, livrarias, editoras, moda estudantil, etc. Enfim, o espetáculo da educação será a educação do espetáculo. Os estudantes serão os espectadores do vazio do conhecimento, a tecnologia da informação é a nova ideologia de classe para reproduzir as estruturas de exploração. Os trabalhadores mecanizados agora serão trabalhadores informatizados. Bits e bytes compõem a educação. Por trás de tudo isso, no fundo, os novos educadores serão os algoritmos.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Nosso dia

Por Atanásio Mykonios
 

1 de maio. Dia do trabalhador. Dia da história dos que são explorados, oprimidos, humilhados, desterrados. De todos os assalariados, dos desempregados e das mulheres. É o dia das populações famintas, dos encarcerados e das mães. É o dia do sangue e da chibata, do tronco, das faxineiras e dos ambulantes. 1 de maio. Dia da trabalhadora e do vagabundo, dos pedintes e dos abandonados. É da criança no cruzamento, do pipoqueiro, do pescador e de todas as prostitutas. É o dia das greves e das demissões, dos doentes e estudantes, que trabalham produzindo seu saber. 1 de maio, é dos negros encarcerados, dos poetas e pintores. É a história do suor, da venda e da compra. É o dia 1 de maio, dos velhos, dos aposentados e do ambulante, da enfermeira e do padeiro. Sim, é dos que lutaram e dos que morrem, do gari e das fiandeiras, das cabeleireiras e dos ubers. E dos garçons e dos esquecidos, dos guardadores de carros e flanelinhas, dos andarilhos e do repositor do supermercado, de tantos açougueiros e das rimas desfeitas. É de todos nós que vendemos nossos corpos para produzir capital e miséria. O 1 de maio, o mês da mãe, do ventre, das grávidas, dos sonhadores, dos resistentes, dos embotados. O dia dos professores, dos escritores e revolucionários. É o dia 1 de maio. Os trabalhadores merecem a reverência, o trabalho não merece essa reverência. É o dia da vergonha, da revolta e do grito, do fetiche, da luta e dos lábios que gritam Liberdade.