O capitalismo exige mais trabalho, como imperativo e como discurso inerente à sua forma trabalho-valor. Mesmo assim impõe pela concorrência novos patamares de tecnologia. A idéia é vender ao mais baixo valor possível. Também os gestores desejam quanto mais pagar menos aos trabalhadores, por outro lado, produzir cada vez mais com salários cada vez menores, em virtude da concorrência, cria uma limitação cega do mercado. A mercadoria circula, mas não é adquirida. Mesmo assim, prometem-se aumentos de salários com o aumento da produtividade, mas a lógica parece inverter-se a cada novo lance do sistema. Assim, o sistema não percebe que está ao mesmo tempo sendo autodevorado e expandindo-se para merecer a alcunha de capitalismo. A contradição na qual se move o capitalismo é, de um lado, a imperiosa necessidade de arrancar mais trabalho e, de outro, o incremento da tecnologia e das máquinas, que lança uma quantidade imensa de trabalho morto e que pela coerção social mantém um exército de submissos na ordem preparados para o trabalho que não virá jamais, apenas na forma de atividade não-rentável, que reproduz o sistema em um patamar menos qualificado. A contradição permanece. Se a contradição se aprofunda, significa que há um ponto de ruptura, o que geralmente acontece é a necessidade de reformar o capitalismo ou reestruturá-lo no sentido de manter as ordens estabelecidas, mas é aqui que podemos encontrar uma oportunidade, isto é, aprofundar a crise, em outras palavras, aprofundar a contradição para que o mundo se liberte deste fantasma.
Crítica Social. Crítica sobre a sociedade que tem no sistema do capital sua fundamentação atual, sua condição de moldar os indivíduos e suas instituições. Entre muitos aspectos, a necessidade, o trabalho, a produção de valor, a alienação e o fetiche são os alvos desta crítica. Como superar o capitalismo? Daí não perdermos de vista a capacidade de indignação ao sistema que historicamente desumaniza a todos. Atanásio Mykonios
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sábado, 22 de setembro de 2007
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
A SUBMISSÃO DA POLÍTICA BRASILEIRA
O fim da Política Institucional?
Atanásio Mykonios
Atanásio Mykonios
A sociedade tem presenciado uma série de mazelas no âmbito da política institucional. Em público parece que ninguém se dispõe a defender malversações do erário. Não seria preciso enumerar os escândalos de políticos e de partidos. Inúmeros casos que envolvem políticos das mais diversas correntes infestam os noticiários, aludindo a um mundo obscuro de falcatruas, mamatas, tráfico de influência, exacerbação do poder, mentiras. A dimensão da corrupção no Brasil parece que ainda não está bem calculada, mas tem-se a impressão de que tudo está corroído pelos interesses pessoais e corporativos. De outro, o senso-comum tem a noção de que os partidos políticos servem como uma escada para interesses particulares-privados e contrariamente, os estatutos dos partidos políticos são uma carta de boas intenções em favor da justiça, da igualdade e da fraternidade. Aparentemente as pessoas se escandalizam. Muitas são instadas a uma carreira política sem qualquer participação na própria vida partidária, não têm história, têm imagem e espetáculo como recurso social à ascensão ao mundo da política profissional. Os partidos vivem uma rotina apartada da própria sociedade, reúnem-se em momentos muito singulares da agenda eleitoral, arregimentam militantes para tornarem o espetáculo mais qualitativo do ponto de vista da imagem dos candidatos. Os partidos estão à deriva! Tornaram-se partidos eleitorais e não mais partidos políticos, comprometidos que estariam com a vida e a formação sociais. Esta constatação representa um dos fundamentos sociais da nova política brasileira. Isto não explica tudo, evidentemente, não pode dar conta das manobras constantes entre os poderes institucionais do Estado no seu próprio interior.
A meta dos partidos é a chegada ao poder. Este poder, no discurso oficial da nação, requer que seja dividido entre as forças sociais, mas isto é apenas um paradigma que está solto no tempo e esquecido nas gavetas da falta de memória do mundo político. O Estado está constantemente em jogo, é a este que se refere o poder. A questão mais importante para o Estado é a gestão dos recursos. De um lado o inchaço da estrutura administrativa e executiva do estado, de outro, a necessidade de transformá-lo em um canal para realizar obras em favor do capitalismo. A reprodução do modelo capitalista é um fundamento invisível do estado. Os pobres se convenceram de que o Estado deveria lhes proteger da ferocidade das corporações capitalistas. O próprio Estado admite para si esta função social, especialmente na América Latina, cuja tradição católica e de uma esquerda cristã reverte a perspectiva do estado para uma ação social assistencialista, precarizada e profundamente paternalista.
O contexto atual revela uma perda substancial da ação política. Acreditávamos que ela poderia nos dar mais que respostas, conseguiria amenizar os conflitos e rumar para a diminuição das desigualdades sociais e econômicas, exatamente porque seria mais que um freio à voracidade capitalista. Isto indica que o Estado teria a tarefa de patrocinar a democracia, mas como o Estado se tornou uma entidade teratológica, distante do mundo real, torna-se impossível desejar que este tenha algum papel que não seja o de regular um certo ordenamento em seu favor e em valor da coerção social do trabalho, substancia do valor
Na Grécia antiga a política acontecia em um ambiente no qual a economia, a produção, a sustentação social se dava pela capacidade produtiva da massa de escravos que dava o suporte para que a aristocracia social exercesse seus direitos políticos. A política, na Grécia clássica, de certa forma, era praticada por uma elite que tinha suas questões materiais de sobrevida em condições equilibradas e controladas, uma auto-sustentação que devia aos escravos sua força e que mantinha uma certa regularidade no processo social pela segurança que o sistema propiciava. Uma política da reprodução social do próprio modelo em favor das aristocracias ou das minorias racistas helênicas.
Não é o que parece ocorrer no mundo atual da política brasileira. A economia subsumiu, há muito, completamente a política. A política parece exercer um fascínio à medida que cria a fantasia de que é possível atualmente barrar a estrondosa avalancha da crise social do capital. Ela se move em direção aos interesses da produção, do consumo, do ordenamento jurídico que determina a continuidade e a reprodução do modelo social capitalista. Mas não há garantias suficientes como há 2,5 mil anos, quando a Grécia experimentava um sistema escravagista sem grandes conflitos internos.
A sociedade insiste em que o problema das mazelas da política é de ordem moral. A crítica contra a corrupção política encontra seu terreno fértil no campo da subjetividade que institui uma responsabilidade individual aos atores políticos, quando considera aspectos subjetivos do mundo da política, como se tudo estivesse na circunferência de escolhas pessoais e que a mudança de leis seria o caminho mais favorável para barrar o caos político e a indiferença quanto aos interesses e problemas sociais, ou no sentido de aprofundar mecanismos de punibilidade, evitando a impunidade em escala geométrica.
A sociedade parece não perceber que um ciclo histórico-social se fechou. O poder da política tinha seus efeitos positivos no que concerne a barrar a avidez da economia capitalista enquanto o sistema não atingia seu espectro instantâneo e simultâneo – a globalização. Os interesses políticos se dissolvem no espectro volátil do mundo financeiro. Agora não é mais possível imaginar um corpo político rígido capaz de submeter-se à vontade popular, mesmo porque o mundo social está fragmentado, de modo que a sorte das minorias está particularmente voltada para questões econômicas de mobilidade no interior do sistema.
A violência política é mais uma das faces da violência que nos atinge como doença social que se alastra rapidamente, mas a atinge de forma peculiar, uma vez que os problemas políticos estão todos no sentido de serem enfrentados como mecanismos de proteção ao próprio sistema. A corrupção favorece o capitalismo, assim como a pretensa máscara da não-corrupção. Não é a política que cria a agenda social, mas, ao contrário, é a economia que impõe uma agenda à política que se torna, em muitos casos, apolítica. Assim como em outras instituições sociais, os políticos ainda continuam a crer piamente que sua ação é das mais relevantes para o mundo e para a organização social, pois crêem na possibilidade da honra da política que, via de regra, está completamente perdida e desmoralizada. Tenta-se, no entanto, frear as condições avassaladoras do modelo social do trabalho, do valor e da mercadoria. O fetiche do Estado é um dos mais permanentes em nossa formação contemporânea, a arquitetura social requer de cada um o esforço de compreender que tanto a política quanto o Estado servem ao modo pelo qual pode se manejar a economia com uma certa ética distributiva, legitimando o esforço coletivo em favor da sociedade do trabalho e do acúmulo do capital, que favorece direta e indiretamente o próprio Estado. A banalização e a mediocridade políticas, a queda do nível intelectual dos políticos, a falsa importância e o cínico interesse demonstrado pelos meios de comunicação de massa, reforçam a idéia de que a política deve ser tratada apenas como um caso de polícia, colocando os corruptos em uma jaula blindada e com isto, seríamos capazes de criar uma segurança para gerirmos com honestidade os negócios do Estado, pois é disto que se trata.
É muito difícil reconhecermos que a política sucumbiu ao capitalismo em sua totalidade. Os casos e exemplos se multiplicam aos montes. O poder executivo transformou-se em um cofre público, um banco cuja função é negociar “politicamente” os recursos que pertencem ao trabalho-valor da sociedade em geral. Precisa de mais recursos para gerir e distribuir, sustentar os trabalhadores e necessita de um verniz legal que legitime o destino dos recursos. Os políticos, em parceria com os próprios partidos, sabem deste jogo e o assumem categoricamente em sua prática, mesmo que o discurso permaneça no campo da moralidade pequeno-burguesa e da ética do politicamente correto.Isto tudo não tem nada a ver com a conduta heróica de políticos ou de partidos que permanecem no campo tanto da moralidade quanto da ética de modo geral.a sociedade insiste em manter um organismo e quer reformá-lo no que é apenas a aparência do processo, a ponta do iceberg, aquilo que aparece que denota uma certa conformidade e um compromisso pífio de moralidade da coisa pública. De outro lado, os movimentos sociais pedem maior honestidade dos políticos. Então, tem-se a impressão de que em parte a questão se resume a bons e maus políticos, entre um bom capitalismo e um capitalismo subterrâneo que insiste na desonestidade; entre um capitalismo legal, que paga seus impostos e um capitalismo obscuro, entrevado pelo egoísmo, pela usurpação da coisa pública; entre políticos socialmente corretos e políticos socialmente tarados.
A meta dos partidos é a chegada ao poder. Este poder, no discurso oficial da nação, requer que seja dividido entre as forças sociais, mas isto é apenas um paradigma que está solto no tempo e esquecido nas gavetas da falta de memória do mundo político. O Estado está constantemente em jogo, é a este que se refere o poder. A questão mais importante para o Estado é a gestão dos recursos. De um lado o inchaço da estrutura administrativa e executiva do estado, de outro, a necessidade de transformá-lo em um canal para realizar obras em favor do capitalismo. A reprodução do modelo capitalista é um fundamento invisível do estado. Os pobres se convenceram de que o Estado deveria lhes proteger da ferocidade das corporações capitalistas. O próprio Estado admite para si esta função social, especialmente na América Latina, cuja tradição católica e de uma esquerda cristã reverte a perspectiva do estado para uma ação social assistencialista, precarizada e profundamente paternalista.
O contexto atual revela uma perda substancial da ação política. Acreditávamos que ela poderia nos dar mais que respostas, conseguiria amenizar os conflitos e rumar para a diminuição das desigualdades sociais e econômicas, exatamente porque seria mais que um freio à voracidade capitalista. Isto indica que o Estado teria a tarefa de patrocinar a democracia, mas como o Estado se tornou uma entidade teratológica, distante do mundo real, torna-se impossível desejar que este tenha algum papel que não seja o de regular um certo ordenamento em seu favor e em valor da coerção social do trabalho, substancia do valor
Na Grécia antiga a política acontecia em um ambiente no qual a economia, a produção, a sustentação social se dava pela capacidade produtiva da massa de escravos que dava o suporte para que a aristocracia social exercesse seus direitos políticos. A política, na Grécia clássica, de certa forma, era praticada por uma elite que tinha suas questões materiais de sobrevida em condições equilibradas e controladas, uma auto-sustentação que devia aos escravos sua força e que mantinha uma certa regularidade no processo social pela segurança que o sistema propiciava. Uma política da reprodução social do próprio modelo em favor das aristocracias ou das minorias racistas helênicas.
Não é o que parece ocorrer no mundo atual da política brasileira. A economia subsumiu, há muito, completamente a política. A política parece exercer um fascínio à medida que cria a fantasia de que é possível atualmente barrar a estrondosa avalancha da crise social do capital. Ela se move em direção aos interesses da produção, do consumo, do ordenamento jurídico que determina a continuidade e a reprodução do modelo social capitalista. Mas não há garantias suficientes como há 2,5 mil anos, quando a Grécia experimentava um sistema escravagista sem grandes conflitos internos.
A sociedade insiste em que o problema das mazelas da política é de ordem moral. A crítica contra a corrupção política encontra seu terreno fértil no campo da subjetividade que institui uma responsabilidade individual aos atores políticos, quando considera aspectos subjetivos do mundo da política, como se tudo estivesse na circunferência de escolhas pessoais e que a mudança de leis seria o caminho mais favorável para barrar o caos político e a indiferença quanto aos interesses e problemas sociais, ou no sentido de aprofundar mecanismos de punibilidade, evitando a impunidade em escala geométrica.
A sociedade parece não perceber que um ciclo histórico-social se fechou. O poder da política tinha seus efeitos positivos no que concerne a barrar a avidez da economia capitalista enquanto o sistema não atingia seu espectro instantâneo e simultâneo – a globalização. Os interesses políticos se dissolvem no espectro volátil do mundo financeiro. Agora não é mais possível imaginar um corpo político rígido capaz de submeter-se à vontade popular, mesmo porque o mundo social está fragmentado, de modo que a sorte das minorias está particularmente voltada para questões econômicas de mobilidade no interior do sistema.
A violência política é mais uma das faces da violência que nos atinge como doença social que se alastra rapidamente, mas a atinge de forma peculiar, uma vez que os problemas políticos estão todos no sentido de serem enfrentados como mecanismos de proteção ao próprio sistema. A corrupção favorece o capitalismo, assim como a pretensa máscara da não-corrupção. Não é a política que cria a agenda social, mas, ao contrário, é a economia que impõe uma agenda à política que se torna, em muitos casos, apolítica. Assim como em outras instituições sociais, os políticos ainda continuam a crer piamente que sua ação é das mais relevantes para o mundo e para a organização social, pois crêem na possibilidade da honra da política que, via de regra, está completamente perdida e desmoralizada. Tenta-se, no entanto, frear as condições avassaladoras do modelo social do trabalho, do valor e da mercadoria. O fetiche do Estado é um dos mais permanentes em nossa formação contemporânea, a arquitetura social requer de cada um o esforço de compreender que tanto a política quanto o Estado servem ao modo pelo qual pode se manejar a economia com uma certa ética distributiva, legitimando o esforço coletivo em favor da sociedade do trabalho e do acúmulo do capital, que favorece direta e indiretamente o próprio Estado. A banalização e a mediocridade políticas, a queda do nível intelectual dos políticos, a falsa importância e o cínico interesse demonstrado pelos meios de comunicação de massa, reforçam a idéia de que a política deve ser tratada apenas como um caso de polícia, colocando os corruptos em uma jaula blindada e com isto, seríamos capazes de criar uma segurança para gerirmos com honestidade os negócios do Estado, pois é disto que se trata.
É muito difícil reconhecermos que a política sucumbiu ao capitalismo em sua totalidade. Os casos e exemplos se multiplicam aos montes. O poder executivo transformou-se em um cofre público, um banco cuja função é negociar “politicamente” os recursos que pertencem ao trabalho-valor da sociedade em geral. Precisa de mais recursos para gerir e distribuir, sustentar os trabalhadores e necessita de um verniz legal que legitime o destino dos recursos. Os políticos, em parceria com os próprios partidos, sabem deste jogo e o assumem categoricamente em sua prática, mesmo que o discurso permaneça no campo da moralidade pequeno-burguesa e da ética do politicamente correto.Isto tudo não tem nada a ver com a conduta heróica de políticos ou de partidos que permanecem no campo tanto da moralidade quanto da ética de modo geral.a sociedade insiste em manter um organismo e quer reformá-lo no que é apenas a aparência do processo, a ponta do iceberg, aquilo que aparece que denota uma certa conformidade e um compromisso pífio de moralidade da coisa pública. De outro lado, os movimentos sociais pedem maior honestidade dos políticos. Então, tem-se a impressão de que em parte a questão se resume a bons e maus políticos, entre um bom capitalismo e um capitalismo subterrâneo que insiste na desonestidade; entre um capitalismo legal, que paga seus impostos e um capitalismo obscuro, entrevado pelo egoísmo, pela usurpação da coisa pública; entre políticos socialmente corretos e políticos socialmente tarados.
domingo, 9 de setembro de 2007
O COLAPSO DA EDUCAÇÃO ATUAL
Textos de Abertura da Apresentação do Grupo de Estudo
Para o Fórum Mundial da Educação
Para o dia 14 de setembro de 2007
Atanásio Mykonios`
Paulo Marques
Kelen Chacon
Para o Fórum Mundial da Educação
Para o dia 14 de setembro de 2007
Atanásio Mykonios`
Paulo Marques
Kelen Chacon
A compreensão do problema social da Educação atual passa por uma propedêutica histórica, isto requer que tenhamos como base inicial para o entendimento acerca do que podemos chamar de colapso, de um estudo histórico, que trará à tona parte das razões que poderão explicar o problema vivido. Implica reconhecer que a Educação é um processo que acompanha a cultura, é expressão da passagem histórica do saber acumulado pelas gerações passadas, pela experiência, pela produção material e simbólica.
Por isto, a história não pode ser colocada em um quadro, mas deve ser trazida à baila como uma tentativa de empreender uma visão do todo e das transformações vividas pela escola que são as nossas próprias experiências. Sem dúvida, vivemos um momento de extremo mal-estar, frustração, e de uma profunda nevoa que encobre o ensino. Estamos diante de uma nova realidade e que nos deixa tristes. Não conseguimos ensinar, os alunos não conseguem e, de alguma forma, farejamos que não querem aprender. Não se interessam, não dispõem de ferramentas adequadas de cognição. Por outro lado, como o processo formal de ensino é seqüencial, cabe jogarmos a responsabilidade no passado e nas séries anteriores. Nossa frustração e nosso sentimento de profunda inferioridade material diante do mundo desenvolvido exigem que tenhamos uma reparação moral, porque somos diariamente desrespeitados em nossa honra como professores e o Estado, a quem servimos com profunda má-vontade, não dá uma resposta porque não pode fazê-lo, está refém como todos estamos de uma situação que experimenta profundas mudanças que não estão contidas em apenas um protagonista.
É a transformação social. Os fundamentos do jogo continuam os mesmos. Estes fundamentos do capitalismo, substancialmente, não sofreram mudanças. O que mudou? O jogo permanece, alguma coisa no jogo está mudando, mas o jogadores não perceberam com clareza esta mudança. O jogo é maior que os jogadores e, no entanto, os jogadores imaginam que podem dominá-lo apenas vencendo os contendores. Há uma luta entre os diversos times que jogam o jogo, pobres, estado, instituições, religiões, família, classes médias, os gestores do capitalismo, as forças produtivas, os movimentos, os miseráveis, os fanáticos, os doentes, os ignorantes, enfim, há diversos times que disputam o jogo, mas o jogo não é de um único time.
Cabe a nós fazermos uma crítica social e uma crítica baseada em reflexões que não se encontram em mecanismos de contenção, ou de compensação paliativa dos problemas que enfrentamos. Trazemos uma tentativa de compreensão do problema da Educação atual e defendemos, como tese e ponto de partida, a constatação de que a Educação vive o seu momento histórico, o momento em que muitos imaginaram que não chegaria, e que tantos outros até sonharam com este momento, que poderia representar, ao menos, um ponto de inflexão e de tomada de consciência do problema da Educação. Muitos de nós imaginávamos que ao chegarmos neste presente, o do Colapso, então algo poderia ser erguido da poeira deixada pela tragédia, mas podemos, ao contrário, observar que a crise se alastra e o Colapso não é apenas exatamente estrutural, como um edifício que desaba, mas um Colapso de toda a concepção do modo de se jogar o jogo.
Sem dúvida, há outro elemento que se agrega a esta questão: o fato de que o termo Colapso tem um sentido de provocação e interpelação na medida em que com este podemos encontrar ao menos alguns ouvidos atentos para apreender o que temos a dizer acerca do problema social da Educação.
Neste sentido, vale ressaltar que a Educação é a conseqüência de um modelo social, modelo este que engendra a produção material, a produção imaterial, a produção simbólica, o tempo social, o espírito de uma cultura. Tem a ver com questões práticas, questões de ordem pragmática e, categoricamente, diz respeito a escolhas sociais, escolhas que estão para aquém e além do simplesmente subjetivo, trata de formar uma consciência social e aprofundá-la para uma grande parte dos indivíduos, como sujeitos sociais.
Mas, por outro lado, nem sempre a Educação anda no mesmo compasso do espectro social, há profundos descompassos, em que muitas vezes a sociedade caminha com uma velocidade e a Educação anda em velocidades mais lentas. E é o que parece acontecer com nossa Educação atual. A sociedade avançou em sua estrutura produtiva, mudou sua qualidade de conhecimento, alterou a produção material com o incremento de mudanças profundas na ordem da tecnologia, alterou as relações de trabalho, as relações humanas, modificou as necessidades, mudou as relações políticas, o Estado tem uma nova prerrogativa, mas parece permanecer atado a interesses fisiológicos. E, diante disto, a Educação se transformou em uma bandeira da modernidade, ela garantiria o bom comportamento, a inclusão social, a disciplina, a ordem, a obediência, a certeza de que as luzes penetrariam na consciência humana e a salvariam da ignorância e das trevas sociais. Uma bandeira que não consegue ser desfraldada, tornou-se um pesadelo o ensino, tornou-se uma cruz estampada nos olhos dos professores durante os intervalos na sala de encontros com os colegas. Evasões, doenças, frustrações, recalques, violência, agressões, tristeza, desmotivação, perda de incentivo, pressões burocráticas, estruturas falidas, etc. Um tempo de profundas inquietações. Um tempo em que parece ser necessário auscultar o tempo presente, colocar-se em uma atitude crítica e questionar a sociedade como um todo.
Por isto, a história não pode ser colocada em um quadro, mas deve ser trazida à baila como uma tentativa de empreender uma visão do todo e das transformações vividas pela escola que são as nossas próprias experiências. Sem dúvida, vivemos um momento de extremo mal-estar, frustração, e de uma profunda nevoa que encobre o ensino. Estamos diante de uma nova realidade e que nos deixa tristes. Não conseguimos ensinar, os alunos não conseguem e, de alguma forma, farejamos que não querem aprender. Não se interessam, não dispõem de ferramentas adequadas de cognição. Por outro lado, como o processo formal de ensino é seqüencial, cabe jogarmos a responsabilidade no passado e nas séries anteriores. Nossa frustração e nosso sentimento de profunda inferioridade material diante do mundo desenvolvido exigem que tenhamos uma reparação moral, porque somos diariamente desrespeitados em nossa honra como professores e o Estado, a quem servimos com profunda má-vontade, não dá uma resposta porque não pode fazê-lo, está refém como todos estamos de uma situação que experimenta profundas mudanças que não estão contidas em apenas um protagonista.
É a transformação social. Os fundamentos do jogo continuam os mesmos. Estes fundamentos do capitalismo, substancialmente, não sofreram mudanças. O que mudou? O jogo permanece, alguma coisa no jogo está mudando, mas o jogadores não perceberam com clareza esta mudança. O jogo é maior que os jogadores e, no entanto, os jogadores imaginam que podem dominá-lo apenas vencendo os contendores. Há uma luta entre os diversos times que jogam o jogo, pobres, estado, instituições, religiões, família, classes médias, os gestores do capitalismo, as forças produtivas, os movimentos, os miseráveis, os fanáticos, os doentes, os ignorantes, enfim, há diversos times que disputam o jogo, mas o jogo não é de um único time.
Cabe a nós fazermos uma crítica social e uma crítica baseada em reflexões que não se encontram em mecanismos de contenção, ou de compensação paliativa dos problemas que enfrentamos. Trazemos uma tentativa de compreensão do problema da Educação atual e defendemos, como tese e ponto de partida, a constatação de que a Educação vive o seu momento histórico, o momento em que muitos imaginaram que não chegaria, e que tantos outros até sonharam com este momento, que poderia representar, ao menos, um ponto de inflexão e de tomada de consciência do problema da Educação. Muitos de nós imaginávamos que ao chegarmos neste presente, o do Colapso, então algo poderia ser erguido da poeira deixada pela tragédia, mas podemos, ao contrário, observar que a crise se alastra e o Colapso não é apenas exatamente estrutural, como um edifício que desaba, mas um Colapso de toda a concepção do modo de se jogar o jogo.
Sem dúvida, há outro elemento que se agrega a esta questão: o fato de que o termo Colapso tem um sentido de provocação e interpelação na medida em que com este podemos encontrar ao menos alguns ouvidos atentos para apreender o que temos a dizer acerca do problema social da Educação.
Neste sentido, vale ressaltar que a Educação é a conseqüência de um modelo social, modelo este que engendra a produção material, a produção imaterial, a produção simbólica, o tempo social, o espírito de uma cultura. Tem a ver com questões práticas, questões de ordem pragmática e, categoricamente, diz respeito a escolhas sociais, escolhas que estão para aquém e além do simplesmente subjetivo, trata de formar uma consciência social e aprofundá-la para uma grande parte dos indivíduos, como sujeitos sociais.
Mas, por outro lado, nem sempre a Educação anda no mesmo compasso do espectro social, há profundos descompassos, em que muitas vezes a sociedade caminha com uma velocidade e a Educação anda em velocidades mais lentas. E é o que parece acontecer com nossa Educação atual. A sociedade avançou em sua estrutura produtiva, mudou sua qualidade de conhecimento, alterou a produção material com o incremento de mudanças profundas na ordem da tecnologia, alterou as relações de trabalho, as relações humanas, modificou as necessidades, mudou as relações políticas, o Estado tem uma nova prerrogativa, mas parece permanecer atado a interesses fisiológicos. E, diante disto, a Educação se transformou em uma bandeira da modernidade, ela garantiria o bom comportamento, a inclusão social, a disciplina, a ordem, a obediência, a certeza de que as luzes penetrariam na consciência humana e a salvariam da ignorância e das trevas sociais. Uma bandeira que não consegue ser desfraldada, tornou-se um pesadelo o ensino, tornou-se uma cruz estampada nos olhos dos professores durante os intervalos na sala de encontros com os colegas. Evasões, doenças, frustrações, recalques, violência, agressões, tristeza, desmotivação, perda de incentivo, pressões burocráticas, estruturas falidas, etc. Um tempo de profundas inquietações. Um tempo em que parece ser necessário auscultar o tempo presente, colocar-se em uma atitude crítica e questionar a sociedade como um todo.
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