A Batalha contemporânea da extrema-direita está sobretudo no campo da linguagem. Ela partiu para o ataque contra as esquerdas, com uma estratégia muito inteligente, que é a de inverter as definições e os conceitos, colocando o peso da defesa e da argumentação sobre as esquerdas. Uma vez que as esquerdas, gradativamente se acomodaram e deixaram de encarar a luta anticapitalista, para se tornarem, de alguma forma, opositoras positivas no interior do sistema, a extrema-direita encontrou uma brecha para perverter a história e partir para o ataque e consegue transformar a história recente como um exercício do autoritarismo exercido pelos governos de esquerda. Se nós consideramos um fato histórico incontestável a ditadura militar, essa extrema-direita consegue inverter e colocar sobre os ombros das esquerdas a responsabilidade, não da ditadura militar, uma vez que não a reconhece, mas transforma ao período posterior em um governo e um período ditatoriais de esquerda. Haja vista o conceito de marxismo cultural. E com isto, perverte toda a linguagem e inverte os conceitos. Conceitos que foram extremamente importantes para nós, como liberdade e expressão, hoje são utilizados pela extrema-direita como uma forma de suposta defesa contra o autoritarismo da esquerda. É por isso que a vacina se tornou uma bandeira política, que não é necessariamente contra seu aspecto científico, mas porque fundamentalmente trata de inverter o ônus e acusar a esquerda de ser autoritária, que passou a restringir a liberdade das pessoas. No meu entendimento, é mais ou menos isso que nós estamos vivendo hoje e o problema maior é que a esquerda não consegue enfrentar essa questão no campo político e procura nas instituições uma forma de se defender. Nós precisamos então inverter novamente esse confronto político e linguístico, isto é, nós temos que partir para o ataque.
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