terça-feira, 2 de junho de 2020

Quando o trabalhador é contra o trabalhador

Por Atanásio Mykonios

       

            Quando o policial descobrir a sua condição histórica de trabalhador explorado, talvez aí, não nasça alguma consciência de classe, talvez descubra a quem serve e por que o serve. O tempo histórico não é garantia de consciência histórica, apenas é o tempo do movimento real das relações sociais, todas. O policial é um trabalhador que assim como tantos, parece não ter noção de que é trabalhador. Por outro lado, não é só aqui, no mundo inteiro, o capital e os Estados têm fortalecido as polícias, têm armado até os dentes as polícias, com o que há de mais moderno em termos de reprimir e matar. Aqui como em muitos países, as polícias foram tornadas intocáveis. Isso torna a possibilidade de que um policial tenha clareza histórica de que é um trabalhador explorado, é cada vez mais difícil e distante. Quanto maior o poder de intervenção dado à polícia, por parte do capital e do Estado, mais poder as polícias adquirem e mais autonomia e distantes da sociedade se colocam. Elas se tornaram um cancro histórico da sociedade. As polícias começaram a cobrar seu quinhão nesse latifúndio social. Querem não apenas a garantia para reprimir, não apenas continuar a garantir a produção do capital e a exploração, executando com precisão suas funções. Querem poder, querem um pedaço do poder. Seria ingênuo acreditar nas funções constitucionais das polícias. O Estado é posto para garantir as relações de desigualdade por meio do contrato desigual entre classes. Por isso, a polícia sempre estará do lado de quem sempre esteve. Como os trabalhadores da polícia poderiam compreender a sua condição de explorados se fazem parte da proteção ao capital?

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