“E,
como se trata de um sistema econômico totalizante, que não rege apenas a
produção de bens, mas também a própria produção de força de trabalho, tendendo,
portanto a desenvolver extensiva e intensivamente até abranger a globalidade da
sociedade, a individualização dos trabalhadores encontra-se reproduzida na
individualização dos cidadãos. A nação ideal se firmaria no relacionamento de
cada cidadão com as instituições políticas e só esta prévia subordinação à autoridade
inspiraria cada um a relacionar-se com os outros. O povo, para esses tipos de concepções
e de práticas, não é uma teia de solidariedade, mas uma adição de unidades individualizadas.
E assim se passou da velha definição do cidadão como animal social à sua definição
como ser psicológico, em função precisamente daquele aspecto que opõe cada um
aos restantes. Se na cidade grega todo animal social podia vir a ser um
dirigente político, na nação contemporânea cada ente psicológico é potencialmente
um ente patológico. É este o estágio último da individuação.”
João
Bernardo, em Economia dos conflitos sociais, na página 335.
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