Por Atanásio Mykonios
O
impasse está colocado no interior das contradições do capitalismo. Nunca houve
um processo de tão profunda incerteza no desenvolvimento e manutenção do
sistema do capital. Antes de mais nada, é preciso apontar que o capitalismo se
tornou uma tautologia, um sistema único, um sistema em processo de expansão
contínua. Todas as formações sociais foram tornadas submissas ao modo de
produção capitalista, as estruturas culturais e as arquiteturas
institucionais-estatais foram constituídas pela evolução sistemática do
capital. Todas as esferas da vida social também foram absorvidas pelo sistema
mundial do capital, as fronteiras foram dissipadas, no entanto, foram
dissipadas para o fluxo do dinheiro, dos capitais, das empresas corporativas,
das mercadorias, não para os trabalhadores nem para os cidadãos mergulhados em
seus cotidianos mais ferozes. John Casti alertou em seu livro O colapso de tudo, sem ser explícito
quanto às motivações de suas pesquisas, uma vez que não se trata de nenhum
marxista nem de nenhum neoliberal arrependido, que um sistema chega ao seu limite
e colapsa em virtude das condições de imposição à especialização continua de
seus agentes. Como um sistema social altamente especializado, com seus
subsistemas que drenam a rentabilidade para o topo, significando aqui o sistema
financeiro, também são obrigados à especialização contínua.
Dois
aspectos devem ser salientados antes de discutirmos o impasse propriamente. Em
primeiro lugar a inadequação do sistema do capital frente à impossibilidade de
produzir a riqueza abstrata necessária, a impossibilidade de gerar valor
necessário para que o capital seja nutrido apenas pela exploração do excedente
da forma de trabalho, como capital real, lastreado pela sua base material. Em
seguida, o colapso das próprias estruturas e subsistemas cada vez mais
especializados que entrarão em obsolescência.
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