domingo, 24 de julho de 2011

Deserto Social

Atanásio Mykonios

Sucumbir às formas sociais que banalizam a existência. Calar-se radicalmente ante a necessidade de uma expressão que manifeste as mazelas do mundo e sua reprodução. Admitir o torpor social e a condição de impossibilidade de refletir sobre uma realidade mortificante. A ideologia burguesa do modo de reproduzir e reificar a existência alcançou os estertores da vida. Não só a vida humana reproduz a banalização e a sua mortificação, como também as coisas ao seu redor gritam a forma de um aprofundamento das estruturas de alienação. A vida crítica deixou de existir há muito tempo, os indivíduos sociais se contentam, cada vez mais, com a possibilidade de não serem tragados definitivamente pelo ocaso das relações materiais; temem serem lançados de modo irreversível no limbo material e suas afeições dizem respeito a um condicionamento no núcleo familiar decadente e repleto de idiossincrasias. Não há nada mais do que a aridez de uma totalidade desertificada. Com muito esforço, tentamos de nos manter sóbrios no furor de uma sociedade embasada na complexa relação impregnada pelo fetichismo social da mercadoria. Nem mais parece possível uma análise pública das estruturas de exploração impostas pelo capitalismo. Assim, o que importa é simplesmente uma fonte inesgotável da própria consciência banalizada que persegue ininterruptamente sua própria realização, sem saber para qual horizonte apontar.
O único objetivo fundamental é a realização material, quantitativamente superior aos patamares experimentados no presente e qualitativamente incrementados pela necessidade incomensurável de ganhar mais e pagar menos. Assim, a teoria avança no interior dos gabinetes, mas os teóricos se tornam autistas sociais, confinados aos seus espaços restritos, sem qualquer perspectiva de serem ouvidos a não ser na forma de concessão que a mídia lhes oferece quando se trata de abordar tecnicamente algum problema social. Mais uma vez, o processo devastador das condições de reprodução social e material, impostas pelo capitalismo, se torna a real realidade sem qualquer contestação. O mundo vive como se nada de fato existisse para além das necessidades banais,  a não ser a própria forma imediata de satisfação, confundidas  com uma suposta aura de fundamentação espiritual, conduzida pelo adestramento dos indivíduos às tarefas cotidianas sem a percepção de que algo não cheira bem no reino das relações sociais. O niilismo político é um caminho para a sobrevivência intelectual.

sábado, 9 de julho de 2011

Lançamento do Livro "Além dos muros da escola..."

Companheiras e companheiros de viagem!

Nosso amigo, irmão e companheiro CÉSAR AUGUSTO ALVES SILVA publicará sua obra.

É com imensa alegria que vos comunico a publicação da Dissertação de Mestrado em formato de livro e com o título de:

"Além dos muros da escola: as causas do desinteresse, da indisciplina e da violência dos alunos" 

Sinopse da obra:

A partir da observação e análise da configuração da sociedade produtora de mercadorias, o autor executa uma análise da cultura criada por tal sociedade e suas implicações sobre os seres humanos em sua relação com a educação formal. Para isso, utiliza os conceitos de experiência, formação, semiformação, racionalidade técnica e outros desenvolvidos pelos expoentes daquela que se convencionou denominar entre nós "Escola de Frankfurt" ou "Teoria Crítica". Suas conclusões são as de que tanto o desinteresse quanto a indisciplina e a violência de alunos e alunas, em relação a conteúdo e forma produzidos na escola, são produtos da mesma organização social responsável pelas agruras do Nazismo e de Auschwitz, o modo de produção capitalista.

Palavras do autor

“A Editora é a Papirus, mas a honra maior foi de contar com o prefácio de meu orientador à época do Mestrado, ié, o Prof. Mário Sérgio Cortella. Muito me honraria a vossa leitura, comentários, críticas, sugestões e até, quem sabe, elogios... divulgação também eu agradeço demais!
Forte abraço a todos e todas!
César”