Meu tempo, meu sentido
A rotina, o desejo, a vida
A miséria, a miséria, a miséria
Como nasce, como morre
Riqueza, pobreza, angústia
A rosa caída, o homem caído
Capital, bolsa, investimento
De cada qual nada se veste
A vida solitária em mundos preenchidos
As gôndolas absolutas
Carros e abundância
Mais gordos, mais lentos
Mais técnicos
Botões para apertar
Telas que nos mostram o virtual
Nada permanece
Colonizado o corpo
A mente, o tempo
Do trabalho, o valor
O controle, o ajuste
Rentáveis do mundo se unem cada vez mais
Coloniza a vida, espírito do tempo
Capital, província, estado
Tudo tomado, longa noite para a humanidade somos todos iguais
Na noite, no dia, somos iguais
As armas de plantão apontam para a repressão
Qualquer voz está calada?
Não há ilusões
O tempo da queda está presente
O espírito do mundo agoniza pelo capital, em nome do capital
Dinheiro? Ora, para quê? A vida toda é valor
Uma montanha infinita do valor sobre o valor
O cume da cisão, lá de cima vemos o mundo subsumido
Aqui embaixo, formigas humanas se acotovelam
Resta a esperança? Resta o legado da vida que persiste
Agora o mundo é um só, nosso sonho se realizou
A vida é uma grande mercadoria
Basta isto para nos tornarmos mais imbecis
Vejamos esta mercadoria em sua gênese, afinal, parte ela de uma abstração que por sua vez, resultante de um encontro entre necessidade e desejo? Ora, a necessidade tem sua origem na relação circunstancial deste sujeito, condição apriori desta necessidade. Cabe-nos observarmos este sujeito em sua relação com o desejo que o envolve se se confunde com o mesmo. Estaria este sujeito em condição de igualdade com o desejo? Seria este sujeito, um desejo que por sua vez é a sua própria condição de movimento?Por ora, talvez se possa dizer que esta necessidade é gerada pelo desejo em seu aspecto múltidimensional de ser o que o caracteriza, ou seja, a condição de sua coesão e dispersão com sua circunstância relacional. Enfim, temos uma definição dentre outras, desta mercadoria, ou seja, a cristalização ou a concretização do desejo humano em seu aspecto ordinário de reprodução.
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