sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O MUNDO É UM SÓ?

Meu tempo, meu sentido
A rotina, o desejo, a vida
A miséria, a miséria, a miséria
Como nasce, como morre
Riqueza, pobreza, angústia
A rosa caída, o homem caído
Capital, bolsa, investimento
De cada qual nada se veste
A vida solitária em mundos preenchidos
As gôndolas absolutas
Carros e abundância
Mais gordos, mais lentos
Mais técnicos
Botões para apertar
Telas que nos mostram o virtual
Nada permanece
Colonizado o corpo
A mente, o tempo
Do trabalho, o valor
O controle, o ajuste
Rentáveis do mundo se unem cada vez mais
Coloniza a vida, espírito do tempo
Capital, província, estado
Tudo tomado, longa noite para a humanidade somos todos iguais
Na noite, no dia, somos iguais
As armas de plantão apontam para a repressão
Qualquer voz está calada?
Não há ilusões
O tempo da queda está presente
O espírito do mundo agoniza pelo capital, em nome do capital
Dinheiro? Ora, para quê? A vida toda é valor
Uma montanha infinita do valor sobre o valor
O cume da cisão, lá de cima vemos o mundo subsumido
Aqui embaixo, formigas humanas se acotovelam
Resta a esperança? Resta o legado da vida que persiste
Agora o mundo é um só, nosso sonho se realizou
A vida é uma grande mercadoria
Basta isto para nos tornarmos mais imbecis

Um comentário:

  1. Vejamos esta mercadoria em sua gênese, afinal, parte ela de uma abstração que por sua vez, resultante de um encontro entre necessidade e desejo? Ora, a necessidade tem sua origem na relação circunstancial deste sujeito, condição apriori desta necessidade. Cabe-nos observarmos este sujeito em sua relação com o desejo que o envolve se se confunde com o mesmo. Estaria este sujeito em condição de igualdade com o desejo? Seria este sujeito, um desejo que por sua vez é a sua própria condição de movimento?Por ora, talvez se possa dizer que esta necessidade é gerada pelo desejo em seu aspecto múltidimensional de ser o que o caracteriza, ou seja, a condição de sua coesão e dispersão com sua circunstância relacional. Enfim, temos uma definição dentre outras, desta mercadoria, ou seja, a cristalização ou a concretização do desejo humano em seu aspecto ordinário de reprodução.

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