Por Atanásio Mykonios
Na reunião do Crítica Social, ontem à noite, sobre o processo histórico da derrocada atual, disse o que penso sobre o presidente. Penso que ele é um homem oriundo dos porões, do esgoto social, da ordem dos torturadores. Ele tem um caráter de torturador, seu mundo é o porão da tortura, lá onde o cheiro da carne submetida a toda forma de atrocidade é para ele o perfume seleto. Ele pensa, ele age, ele fala, ele encara o mundo como um torturador à procura do corpo perfeito para humilhar e fustigar lentamente. Sua visão de mundo foi forjada nas celas obscuras, cheias de urina, fezes, gritos no escuro, dores e sangue, que os militares criaram para seu deleite. Seus heróis são do mundo fora do mundo, dessa rotina profissional da morte lenta, do choque, do pau-de-arara, das agulhas, torniquetes e vaginas devoradas por roedores. Ele jamais terá compaixão para com o sofrimento, seja lá de quem for. Sua inteligência é do torturador que não vê nem precisa estar à luz do dia. Eke respira o gás que exala dos canos furados dos corredores fétidos das galerias de sangue. Seus colaboradores se reconhecem pelo mesmo ofício, pelo mesmo ódio profissional e pela mesma predileção em torturar, pelos mais diversos meios. Torturam mulheres, professores, enfermeiras, estudantes, miseráveis, caixas de supermercado, cegos e analfabetos. Um torturador não reconhece nenhuma humanidade, como algoz perfeito, tem o domínio da vida, do corpo, dos olhos, do pensamento, do ânus. É o Senhor da morte. Tripudia, promove a humilhação, idolatra o escárnio, submete e tem prazer pela submissão. Ele é feito dessa matéria, insensível, sem concessão para com suas vítimas. Ele é o algoz perfeito para uma elite assassina e pervertida. Todo torturador é um pervertido. Todo torturador deseja que suas vítimas percam o prumo moral, sejam destruídas, implorem pela morte. O torturador é incansável, insaciável, por carne e dor. Entendam isso de uma vez.