sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Entre semelhanças e diferenças: quais as particularidades do fascismo no Brasil


Por Lucia Barreto Bruno

Como definir o governo eleito? Tem sido comum nas análises sobre a situação mundial e brasileira referências ao período do entre-guerras na Europa, 1918-1939, período em que surgem os regimes totalitários na Itália, Alemanha e URSS, com Stálin. É também nesta década que surge, pela primeira vez, o termo totalitarismo nos debates políticos e acadêmicos. Quero marcar minha posição com relação a uma diferença quanto a eles, pela origem. Enquanto na URSS, o regime surge de uma revolução popular, inclusive com forte presença de anarquistas, social-revolucionários e outros grupos políticos com forte ligação com o povo, mas logo (em 1918) reprimidos, assassinados e proscritos pelos bolcheviques e, posteriormente por Stálin, na Itália e na Alemanha, o totalitarismo se impõe já de início, de cima, por ações de grupos de extrema direita apoiados pelo grande capital contra as revoluções proletárias que se desenvolveram no final da I Guerra Mundial em vários países europeus. 


Esse foi um momento raro na história do capitalismo; quando capitalistas estavam divididos entre si e os trabalhadores unidos internacionalmente tendo colocado, efetivamente, em risco a permanência do capitalismo, no que era então o centro desse modo de produção. O que ocorreu na URSS depois de 1918 e, especialmente, após a morte de Lenin, selou o fim das revoluções na Europa, salvo a Espanha em 1936/9, derrotada pelo fascista Franco. Muitos analistas têm recorrido a esse período, especialmente à República de Weimar, para tentar entender a situação atual. Penso que têm razão, mas as diferenças são maiores e mais definitivas do que as semelhanças, em meu entender. A situação é tão grave, ou mais, quanto naquele período que resultou na II Guerra Mundial com a grande matança e destruição que conhecemos todos.
Mais, não escrevo hoje. Mas convido aqueles que se preocupam com a situação que estamos vivendo a discutirmos estas e outras questões. Por exemplo, o que fundamenta os fascismos em desenvolvimento hoje? Quais as particularidades do fascismo em curso no Brasil?

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