sexta-feira, 28 de junho de 2019

Por Atanásio Mykonios


O impasse está colocado no interior das contradições do capitalismo. Nunca houve um processo de tão profunda incerteza no desenvolvimento e manutenção do sistema do capital. Antes de mais nada, é preciso apontar que o capitalismo se tornou uma tautologia, um sistema único, um sistema em processo de expansão contínua. Todas as formações sociais foram tornadas submissas ao modo de produção capitalista, as estruturas culturais e as arquiteturas institucionais-estatais foram constituídas pela evolução sistemática do capital. Todas as esferas da vida social também foram absorvidas pelo sistema mundial do capital, as fronteiras foram dissipadas, no entanto, foram dissipadas para o fluxo do dinheiro, dos capitais, das empresas corporativas, das mercadorias, não para os trabalhadores nem para os cidadãos mergulhados em seus cotidianos mais ferozes. John Casti alertou em seu livro O colapso de tudo, sem ser explícito quanto às motivações de suas pesquisas, uma vez que não se trata de nenhum marxista nem de nenhum neoliberal arrependido, que um sistema chega ao seu limite e colapsa em virtude das condições de imposição à especialização continua de seus agentes. Como um sistema social altamente especializado, com seus subsistemas que drenam a rentabilidade para o topo, significando aqui o sistema financeiro, também são obrigados à especialização contínua. 

Dois aspectos devem ser salientados antes de discutirmos o impasse propriamente. Em primeiro lugar a inadequação do sistema do capital frente à impossibilidade de produzir a riqueza abstrata necessária, a impossibilidade de gerar valor necessário para que o capital seja nutrido apenas pela exploração do excedente da forma de trabalho, como capital real, lastreado pela sua base material. Em seguida, o colapso das próprias estruturas e subsistemas cada vez mais especializados que entrarão em obsolescência.
 

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