quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sociedade da Imagem

Atanásio Mykonios

O que parece pode ser. Mas o que é pode não estar à vista. A relação entre aparência e conteúdo é um conflito interminável, no âmbito da dialética. Mas onde a verdade está, na aparência ou no conteúdo? Ou será que a verdade não existe a não ser na relação entre ambos? Marx afirmara, em certa ocasião que se a verdade surgisse de pronto, não teríamos necessidade da ciência. Por outro lado, a busca constante pelo conteúdo transformou a cultura numa espécie de suspeição permanente acerca da realidade. Nada parecia conter a verdade a não ser o compromisso de encontrá-la para além das fronteiras do aparente. No processo social em cujo contexto atual a vida é guindada pela relação do trabalho e do valor, podemos experimentar uma oposição a essa cultura, o mundo contemporâneo, do consumo e do esplendor da mercadoria - o oposto se manifesta. A aparência se torna a verdade absoluta na sociedade da imagem, a forma-mercadoria foi capaz de nos esquartejar em pedaços para ser vendidos. Nós devemos ser vendidos e a imagem social é a imagem do mundo moderno que vende e o que vende não é o conteúdo e sim a imagem. A imagem da sociedade é a sociedade da imagem, não há oposição, apenas convergência. Chegamos à condição absoluta e histórica da sociedade das mercadorias. A imagem se faz conteúdo e o conteúdo é suspeito, vale a imagem sem conflito, porque a verdade humana imposta como mercadoria social, por isso não queremos mais compreender o conteúdo, não queremos mais refletir, apenas viver da imagem, a imagem da forma-mercadoria.