quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CRÍTICA DA NECESSIDADE SOB A BASE DA TEORIA DO VALOR: NA EXPRESSÃO DE MARX E OUTROS PENSADORES

Karl MARX

A necessidade de dinheiro é, pois, a necessidade real criada pela economia moderna, e única necessidade por ela criada.

(Trabalho alienado. Manuscritos Econômicos e Filosóficos. Tradução de T. B. Bottomore. In FROMM, Erich. Conceito Marxista do Homem. Tradução de Octavio Alves Velho. 4. ed., Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967, pp. 127-128.)


Até hoje nenhum químico descobriu valor-de-troca em perolas ou diamantes. Os economistas que descobriram essa substância química e blasonam profundidade crítica acham, entretanto, que o valor-de-uso das coisas não depende de suas propriedades materiais, e que o valor, ao contrário, é materialmente um atributo das coisas.

(O Capital: crítica da economia política. Livro Primeiro. O Processo de Produção do Capital. Volume I. 12. ed., Tradução de Reginaldo Sant’Anna. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1988, pp. 92-93.)


Na relação do dinheiro, no sistema desenvolvido de troca (e esta semelhança seduz os democratas), nos laços da dependência pessoal, das distinções do sangue, da instrução, etc., de fato são explodidos, rasgados acima (ao menos, os laços pessoais todos aparecem como relações pessoais); e os indivíduos parecem independentes (esta é uma independência que é na parte inferior meramente uma ilusão, chamada mais corretamente de indiferença), livres para colidir um com o outro e acoplar na troca dentro desta liberdade.

(Grundrisse der kritik der politischen ökonomie. A Contribution to the Critique of Political Economy (1859). Tradução de S.W. Ryazanskaya. Transcrito por Tim Delaney, 1999, pp. 67-68. (disponível http://www.marxists.org/archive/marx/works/1844-epm/index.htm , acessado em 15 de janeiro de 2008.)


O capitalista só funciona enquanto capital personificado, [o capitalista] é o capital enquanto pessoa; do mesmo modo, o operário funciona unicamente como trabalho personificado, [trabalho] que a ele pertence coco suplício, como esforço, mas que pertence ao capitalista como substância criadora e incrementadora de riqueza.

(Capítulo inédito d’o Capital: resultados do processo de produção imediato. 1863. Tradução de M. Antonio Ribeiro. Porto, Portugal: Publicações Escorpião, 1975, p. 44. (Biblioteca Ciência e Sociedade))

Anselm JAPPE
Não se exagera muito se se afirmar que a conversão da fórmula M-D-M na fórmula D-M-D’ encerra em si toda a essência do capitalismo.
(As aventuras da mercadoria: para uma nova crítica do valor. Tradução de José Miranda Justo, Lisboa: Antígona, 2006, p. 61.)
Na sociedade mercantil completamente desenvolvida, ou seja, na sociedade capitalista, o dinheiro, e portanto, também o trabalho que constitui a respectiva substância, é um fim em si mesmo.

 (Ibidem, p. 61.)

Wolfgang Fritz HAUG

na subserviência amorosa da estética da mercadoria é ambígua: na esfera em que atua a estética da mercadoria, o capital domina a consciência e, por conseguinte,  comportamento das pessoas, e finalmente o valor de troca em seus bolsos mediante a empatia do servir.

(Crítica da estética da mercadoria. Tradução Erlon José Paschoal. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1997, p. 80. (Biblioteca Básica).)

A aparência na qual caímos é como um espelho, onde o desejo se vê e se reconhece como objetivo. Tal como em uma sociedade capitalista monopolista, na qual as pessoas se defrontam com uma totalidade de aparências atraentes e prazerosas do mundo das mercadorias (...)

(Ibidem, p. 77.)


Alfred SOHN-RETHEL
3. A abstração mercadoria (p.11-16)
No contexto de sua análise da forma mercadoria, Marx fala em "abstração mercadoria" e em "abstração valor". A forma mercadoria (Warenform) é abstrata, e a abstração domina em todo o seu circuito. Em primeiro lugar, o próprio valor de troca é ele mesmo valor abstrato, em contraposição ao valor de uso das mercadorias. Somente o valor de troca é passível de diferenciação quantitativa, e a quantificação que aqui se apresenta é, por sua vez, de natureza abstrata em comparação com a determinação quantitativa de valores de uso. O próprio trabalho, como Marx sublinha com particular ênfase, torna-se fundamento da determinação da grandeza do valor e substância do valor somente enquanto "trabalho humano abstrato", trabalho humano como tal tout court. A forma em que aparece sensivelmente o valor da mercadoria, ou seja, o dinheiro (quer como moeda, quer como bilhete) é riqueza abstrata, à qual já não se colocam mais limites. Como possuidor de tal riqueza o próprio homem torna-se homem abstrato, sua individualidade torna-se a essência abstrata do proprietário privado. Enfim, uma sociedade, na qual a circulação de mercadorias forma o nexo das coisas, é uma conexão puramente abstrata, na qual todo concreto se encontra em mãos privadas.
Trabalho espiritual e corporal: para a epistemologia da história ocidental. Tradução de Cesare Giuseppe Galvan. http://adorno.planetaclix.pt/sohn-rethel-anexo.htm 

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